Jornal de Notícias

Banca portuguesa está frágil mas mostra recuperaçã­o

Resultados BPI e Santander melhoraram os lucros. BCP teve prejuízos de 200 milhões por causa de efeitos extraordin­ários

- Cátia Simões catia.simoes@dinheirovi­vo.pt

Os testes de stress realizados pelo Banco Central Europeu (BCE) mostram que a Banca portuguesa, ainda que frágil, parece estar melhor do que se pensava. E as contas dos três maiores bancos privados portuguese­s - BPI, Santander Totta e BCP – confirmam, na realidade, alguns sinais de recuperaçã­o.

O Santander Totta foi o banco que mais viu crescer os lucros – 196,2 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, um salto de quase 90%. O BPI ganhou 105,9 milhões, um aumento de 39,1% em relação à primeira metade de 2015. A exceção foi o BCP, que viu as contas serem penalizada­s por efeitos extraordin­ários, gerando prejuízos de 197,3 milhões - mas, excluindo estes efeitos, garante o banco, os lucros até teriam aumentado.

Contas feitas, Santander Totta, BPI e BCP, somaram, no conjunto, lucros de 104,8 milhões, menos 75% que há um ano. Uma média estragada apenas pelo prejuízo do banco presidido por Nuno Amado.

“Há impacto nos resultados do BCP devido a resultados não recorrente­s e à dívida vendida ao BCE, que este semestre não se verificou, além da questão das imparidade­s que acabou por prejudicar os resultados”, explica Pedro Ricardo Santos, analista da XTB. Excluindo esse efeito os resultados seriam mais animadores, embora os lucros viessem “sobretudo da atividade externa, o que mostra que o mer-

resultados no primeiro semestre cado doméstico ainda enfrenta dificuldad­es”. Cenário semelhante tem o BPI, com Angola a pesar quase 70% nas contas.

Luís Bravo, da DIF, refere que o BCP tem um “elevado impacto de imparidade­s reflete a fragilidad­e operaciona­l do setor em Portugal, em linha com as preocupaçõ­es de observador­es internacio­nais”.

O banco de Nuno Amado também foi o único a registar uma queda do produto bancário (-22,6%), explicada com uma redução de 62% com operações financeira­s. Santander e BPI já registaram um cresciment­o: o Santander aumentou o produto bancário em 36%, com o impacto da integração do Banif. Já a margem financeira melhorou nos três bancos. BPI e BCP também reduziram o valor global de crédito vencido há mais de 90 dias (o Santander Totta não dá valores).

Para a equipa de research do BiG “os resultados do BCP surpreende­m pela negativa, acima de tudo porque o banco faz provisiona­mentos para além daquilo que a dinâmica do último ano poderia indiciar, mas os resultados dos stress tests dão o conforto de que os problemas não são tão profundos quanto provavelme­nte se receava”.

Pedro Ricardo Santos também concorda que a divulgação dos resultados dos stress tests do BCP é um sinal de que “Portugal pode estar melhor do que aquilo que se pensava”, referindo que seria interessan­te que os restantes bancos fizessem o mesmo.

Nos testes, o banco apresentou um rácio CET1 superior a 7% no cenário mais adverso, acima do mínimo exigido de 5,5% e um salto gigante face aos 2,99% que teve nos testes de 2014 da Autoridade Bancária Europeia (EBA).

Para Luís Bravo, “a divulgação

Os resultados do BCP nos testes do BCE podem ser um bom sinal para o setor

destes dados é uma forma do banco passar uma mensagem aos investidor­es de que, apesar de ter voltado aos prejuízos e da evidente fragilidad­e dos setor bancário português, o BCP estaria adequado em termos de requisitos de capital, mesmo em situações extremas”.

Na Europa, os resultados também foram melhores do que o esperado - só o italiano Monte Dei Paschi di Siena ficou abaixo do exigido e vai precisar de um aumento de capital de 5000 milhões.

 ??  ?? O Santander Totta, com Vieira Monteiro na liderança, já conta com o Banif
O Santander Totta, com Vieira Monteiro na liderança, já conta com o Banif
 ??  ?? 70% da operação do BPI, liderado por Fernando Ulrich, vem de Angola
70% da operação do BPI, liderado por Fernando Ulrich, vem de Angola
 ??  ?? O BCP, liderado por Nuno Amado, teve boa performanc­e nos testes
O BCP, liderado por Nuno Amado, teve boa performanc­e nos testes

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