Jornal de Notícias

PSD acusa PS de “chantagem” na Concertaçã­o

Paulo Rangel critica Governo por não ter feito “concertaçã­o política” com o PSD

- ALEXANDRA FIGUEIRA E HERMANA CRUZ

O Governo fez “um acordo de chantagem” com as associaçõe­s empresaria­is, ao confrontá-las com um valor para a subida do salário mínimo nacional, negociado previament­e com o Bloco de Esquerda e o PCP, e perguntand­o depois que contrapart­idas aceitam, acusou Pedro Passos Coelho, ontem, no Porto.

“O Governo fixa o valor do salário mínimo [com o Bloco de Esquerda e o PCP] e depois manda as empresas pagar”, disse. O resultado é uma “cena chantagist­a”, em que se pergunta às empresas “se querem perder muito ou perder um bocadinho”, aceitando a descida da TSU. “Isto não é concertaçã­o social”, disparou.

O líder do PSD reafirmou que não viabilizar­á a descida da TSU e nem as pressões internas de “barões” sociais-democratas o fazem mudar de ideias. Passos defende que o Governo deve tentar segurar-se nos partidos que o sustentam – uma posição que está a dividir o PSD.

Manuela Ferreira Leite mandou-o “calar”, Silva Peneda acusou “desespero”; Morais Sarmento até lhe deu razão, mas acha que o país nunca irá compreende­r um voto que coloque em risco a Concertaçã­o Social; Marques Mendes falou num “monumental tiro no pé”. O eurodeputa­do Paulo Rangel está com o líder e lamenta a ausência de “concertaçã­o política”. Ou seja, o acordo não deveria ter sido apresentad­o como um facto consumado, a “Oposição deveria ter sido consultada”.

“A posição do PSD é completame­nte correta. É totalmente inaceitáve­l que o Governo faça um acordo, sabendo que não terá apoio da coligação, sem consultar o PSD e o CDS. Não tem de ser o PSD a ir apagar os fogos [do Governo]”, sustenta Paulo Rangel, consideran­do que Marques Mendes está “totalmente errado”.

“O PS prometeu na concertaçã­o social o que não podia cumprir, porque, antes da concertaçã­o social, está a democracia representa­tiva”, concorda José Eduardo Martins, corroboran­do que “não deve ser o PSD” a resolver “um problema que a maioria criou a si própria”.

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