PSD acusa PS de “chantagem” na Concertação
Paulo Rangel critica Governo por não ter feito “concertação política” com o PSD
O Governo fez “um acordo de chantagem” com as associações empresariais, ao confrontá-las com um valor para a subida do salário mínimo nacional, negociado previamente com o Bloco de Esquerda e o PCP, e perguntando depois que contrapartidas aceitam, acusou Pedro Passos Coelho, ontem, no Porto.
“O Governo fixa o valor do salário mínimo [com o Bloco de Esquerda e o PCP] e depois manda as empresas pagar”, disse. O resultado é uma “cena chantagista”, em que se pergunta às empresas “se querem perder muito ou perder um bocadinho”, aceitando a descida da TSU. “Isto não é concertação social”, disparou.
O líder do PSD reafirmou que não viabilizará a descida da TSU e nem as pressões internas de “barões” sociais-democratas o fazem mudar de ideias. Passos defende que o Governo deve tentar segurar-se nos partidos que o sustentam – uma posição que está a dividir o PSD.
Manuela Ferreira Leite mandou-o “calar”, Silva Peneda acusou “desespero”; Morais Sarmento até lhe deu razão, mas acha que o país nunca irá compreender um voto que coloque em risco a Concertação Social; Marques Mendes falou num “monumental tiro no pé”. O eurodeputado Paulo Rangel está com o líder e lamenta a ausência de “concertação política”. Ou seja, o acordo não deveria ter sido apresentado como um facto consumado, a “Oposição deveria ter sido consultada”.
“A posição do PSD é completamente correta. É totalmente inaceitável que o Governo faça um acordo, sabendo que não terá apoio da coligação, sem consultar o PSD e o CDS. Não tem de ser o PSD a ir apagar os fogos [do Governo]”, sustenta Paulo Rangel, considerando que Marques Mendes está “totalmente errado”.
“O PS prometeu na concertação social o que não podia cumprir, porque, antes da concertação social, está a democracia representativa”, concorda José Eduardo Martins, corroborando que “não deve ser o PSD” a resolver “um problema que a maioria criou a si própria”.