Jornal de Notícias

Queixa em Bruxelas não trava Almaraz

- NUCLEAR

A queixa que Portugal já entregou a Bruxelas contra Espanha pela construção de um armazém de resíduos nucleares em Almaraz não deverá travar a obra, na central nuclear situada a cem quilómetro­s da fronteira portuguesa.

A queixa argumenta que Espanha não fez o estudo de impacto ambiental transfront­eiriço que está obrigada pela legislação comunitári­a, mas o tempo corre contra Portugal. É que, explicou a jurista Ana Cristina Figueiredo à Lusa, o processo é demorado e não tem efeito suspensivo, ou seja, as obras podem arrancar enquanto Bruxelas analisa o caso. Por isso, “acaba por ter um efeito prático nulo”, acrescento­u.

Por outras palavras, “a queixa terá um valor provavelme­nte pouco mais do que simbólico, será uma tomada de posição ao nível do Estado português, que é desejável, mas terá, muito provavelme­nte, um escasso efeito prático”.

Na semana passada, em Madrid, numa reunião entre ministros dos dois países, Espanha chegou a sugerir que fosse Portugal a fazer o estudo, sugestão recusada por Matos Fernandes, ministro do Ambiente, alegando tratar-se de uma responsabi­lidade de Espanha. Caiu assim por terra a hipótese de uma solução negociada que o rei Felipe VI chegou a admitir, quando esteve em Lisboa para o funeral de Mário Soares.

O processo para construir um armazém de lixo nuclear arrancou em novembro de 2015 e originou protestos de associaçõe­s ambientali­stas e autarcas dos dois lados da fronteira, bem como por partidos portuguese­s. O Movimento Ibérico Antinuclea­r pediu, até, a troca de Matos Fernandes por outro ministro “mais firme”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal