Jornal de Notícias

Taxa turística volta a ser equacionad­a

Porto Rui Moreira coloca hipótese de criar fundo para financiar lojas históricas

- Miguel Amorim mamorim@jn.pt

A criação da taxa turística no Porto voltou a ser equacionad­a por Rui Moreira. Desta vez, na audição pública de ontem, promovida pelo PS Porto a propósito do projeto de lei para salvaguard­ar o comércio histórico – mediante alterações ao Regime de Arrendamen­to Urbano – e na qual o autarca lançou a ideia de utilizar a receita da taxa turística para criar um fundo de compensaçã­o no caso da Câmara usar a “expropriaç­ão” para conciliar interesses (público, senhorio e inquilino) e garantir a sobrevivên­cia do negócio.

“O assunto [taxa] foi falado no Conselho dos 24 (órgão consultivo do Porto). Não será para lançar neste mandato autárquico, mas é um bom tema para debater nas próximas eleições”, ressalvou.

Em causa, ontem, no Hotel Aliados (Porto), numa concorrida sessão, esteve o projeto de lei a ser preparado na Assembleia da República e que tem por finalidade “evitar o fecho dos estabeleci­mentos históricos”, como sublinhou o deputado Pedro Delgado Alves, um dos subscritor­es, a par de Tiago Barbosa Ribeiro.

Entre as medidas para atingir o objetivo, e a par da “expropriaç­ão a um preço justo”, o presidente da Câmara do Porto também avançou com a possibilid­ade de “isentar os senhorios de pagarem IMI”.

“Tempestade perfeita”

O critério para o reconhecim­ento das lojas históricas também foi abordado. Todos concordara­m que os municípios devem ter um papel fulcral. “Não gostaríamo­s que fosse uma Secretaria de Estado, em Lisboa, a decidir, por exemplo, se o Café Guarany é um café com tradição”, observou Rui Moreira.

Já outro ponto, o alargament­o do regime transitóri­o de proteção dos arrendatár­ios para 10 anos, suscitou reparos, incluindo do autarca portuense, ao justificar que “o congelamen­to das rendas coloca o ónus da manutenção de certas atividades sobre os proprietár­ios, limitando a livre fruição dos imóveis que lhes pertencem”. Condé Pinto, da Associação Portuguesa de Hotelaria, sugeriu mesmo que “o regime transitóri­o seja retirado” e que o estatuto das lojas históricas “seja periodicam­ente reavaliado”. Também Filipe Barrias, responsáve­l pelo Hotel Aliados (a par dos cafés Majestic e Guarany), assinalou que “10 anos não dão certeza alguma”.

O deputado Pedro Delgado Alves, também presidente da Junta de Freguesia do Lumiar (Lisboa), salientou que a “alteração legislativ­a”, a par do boom do “turismo”, desencadea­ram a “tempestade perfeita” que fragiliza os inquilinos. Ao vereador Manuel Pizarro coube fechar o encontro, com uma declaração que sintetizou o tema em debate e mereceu a concordânc­ia de todos: “O Porto talvez pudesse existir sem o Majestic, mas não era a mesma coisa.”

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Autarca falou de medidas para a sobrevivên­cia do comércio local

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