China sem paciência para Donald Trump
Europa Angela Merkel também avisa que “europeus são donos do seu destino”
A China está a ficar sem paciência para o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na questão de Taiwan, e Pequim está pronta a combater pelo território.
Trump, que em dezembro quebrou a tradição diplomática norte-americana ao aceitar uma chamada telefónica da líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse, há dias, que poderá reconsiderar o princípio “uma só China” – uma garantia, para Pequim, de que Taiwan é parte do seu território e reconhecido por Washington desde 1979.
Segundo o jornal estatal “China Daily”, a questão de Taiwan é “uma caixa de Pandora de potencial letal”. O país tem dado o benefício da dúvida, mas se Trump “está determinado a fazer este jogo ao assumir funções, será inevitável um período de interação hostil e nociva e Pequim não terá outra escolha a não ser preparar-se para combater”.
Também ontem, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, afirmou que a União Europeia vai manter o apoio ao acordo nuclear com o Irão, condenado por Trump. “É prova de que a diplomacia funciona e apresenta resultados. A UE vai continuar a trabalhar pelo respeito e implementação deste acordo extremamente importante, acima de tudo pela nossa segurança”. No documento, em vigor há um ano, o Irão aceita limitações e maior supervisão internacional do programa nuclear.
Já a chanceler alemã, Angela Merkel, declinou comentar a entrevista de Trump aos diários britânico “The Times” e alemão “Bild”, na qual classificou “um erro catastrófico” a política de Berlim para os refugiados e apoiou a saída do Reino Unido da UE. “Os europeus são donos do seu próprio destino”, avisou.
Mais amistosas foram as declarações do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que manifestou a esperança de que os Estados Unidos mantenham o seu apoio à Ucrânia no conflito que a opõe à Rússia, independentemente da transição política na Casa Branca. “Apoiamos a eleição democrática do povo norte-americano e estamos prontos para uma cooperação frutífera com a nova administração. Espero que a questão ucraniana continue a ser uma prioridade” da política externa dos EUA.
NATO acredita, ainda assim
Por seu lado, a NATO reafirmou a sua “confiança absoluta” na manutenção do “compromisso forte” dos EUA junto da Aliança Atlântica, depois de Trump a ter classificado como “obsoleta”.
Para já, cerca de 300 fuzileiros navais norte-americanos chegaram à Noruega, uma mobilização em rotação que a Rússia já condenou e que surge num momento de tensão por causa de exercícios da NATO no Báltico. “De certeza que isto não vai melhorar a situação de segurança na Europa do Norte”, indicou um porta-voz da embaixada russa em Oslo.