783 moradores no Bonfim contra parcómetros
Porto Abaixo-assinado “Contra a privatização das ruas” foi entregue na Junta, reclamando tomada de medidas. Também chegará à Assembleia Municipal
3O abaixo-assinado contra a proliferação de parcómetros na freguesia do Bonfim, no Porto, com 783 subscritores, já está na possse da Junta de Freguesia. Fernando Matos Rodrigues, o promotor da iniciativa, prometeu levar, agora, o tema à Assembleia Municipal e apresentar “propostas concretas”. José Manuel Carvalho, o presidente da Junta, considerou que o tema está ser tratado com “ligeireza” e que “não cabe à Junta decidir sobre a matéria”, acrescentando que a Câmara sempre esteve aberta ao “diálogo”.
O abaixo-assinado foi notícia no JN no dia 22 de fevereiro – na altura estavam previstas cerca de 1000 assinaturas –, tendo José Manuel Carvalho referido, anteontem, na Assembleia de Freguesia, que, a 22 de fevereiro, contactou os serviços da Câmara, que manifestaram “disposição para ouvir, sem fazer promessas”. O presidente da Junta assinalou que “desde aí já passaram mais de 30 dias e ninguém lá foi.” A este respeito, Fernando Matos Rodrigues, arquiteto e professor, explicou que “antes de ir à Câmara, o documento (com 783 subscritores) tinha que passar pela Junta”.
“Imposto de forma encoberta” No documento, com o título “Pelo direito à cidade, contra a privatização das ruas no Bonfim”, é pediTodas do que sejam tomadas “previdências na defesa do direito de uso do espaço público”. É sublinhado que “o número de lugares de estacionamento concessionados, pagos, tem aumentado de forma exponencial, reduzindo quase a zero os lugares gratuitos que existiam”.
Os parcómetros são vistos como “mais um imposto de forma encoberta, penalizando famílias, instituições e empresas”. Os subscritores reclamam “a discussão e tomada de posição de forma a restaurar direitos, alienados pela despropositada privatização”.
José Manuel Carvalho garantiu “respeitar” o abaixo-assinado, mas discordou dos seus termos. “Não estão interessados em resolver, mas em mediatizar”, comentou, revelando que até “há moradores na Avenida Camilo a pedirem parcómetros, porque consideram um caos a atual situação”.
as forças políticas – o PCP tinha abandonado a sala – mostraram-se recetivas a acompanhar o caso, embora Paulo Neves, do movimento Porto, Nosso Partido, afeto a Rui Moreira, tenha defendido a Câmara, ao dizer que “o dossiê não está fechado”. Também referiu que “os parcómetros disciplinam o trânsito” e assinalou que “Portugal não é caso único”.
Rui Paredes, do PSD, acusou a Câmara de “tentar silenciar as vozes discordantes” e falou em “claustrofobia”. Luísa Cunha, do Bloco de Esquerda, congratulou-se com a “discussão do problema, visando encontrar soluções e alternativas”.
Subscritores dizem que lugares gratuitos “foram reduzidos quase a zero”