Jornal de Notícias

Sabores portuguese­s dão novo gosto à piza napolitana

Gastronomi­a Produtos lusitanos são também tendência da iguaria napolitana

- Salomé Filipe cultura@jn.pt

Os sabores de Portugal parecem fundir-se cada vez melhor com os de Itália. Prova disso é o facto de o bacalhau, os enchidos ou o queijo da serra serem alguns ingredient­es já muito apreciados nas pizas. E que, além disso, têm valido prémios a pizzaiolos portuguese­s, nos concursos internacio­nais. Há quem diga, inclusive, que “os produtos italianos estão fora de moda”. Hoje, comemora-se o Dia Internacio­nal da Piza. Uma iguaria italiana que está a ficar cada vez mais... portuguesa.

“Os produtos portuguese­s têm qualidade de nível internacio­nal. Estou na luta para que eles fiquem conhecidos no Mundo. O passaporte será sempre italiano, mas os produtos portuguese­s são o futuro”, faz questão de frisar António Mezzero, criador do Campeonato Português da Piza e considerad­o o “embaixador da piza napolitana em Portugal”. E foi, precisamen­te, com produtos lusitanos que o chefe António Mezzero, – um italiano que se sente português – arrecadou, pela segunda vez este ano, o título de vice-campeão do Mundo, na categoria de “piza clássica”, com a sua “Amália” (ver receita em baixo), aliando, no mesmo prato, a mozarela de búfala, o bacalhau e as azeitonas do Douro. Uma junção improvável, que tem recebido os melhores elogios e que, mais do que ser imaginada, tem que ser provada.

Segredo intransmis­sível Mas, afinal, qual é o segredo de uma boa piza? É, ou não, a massa? “Costumo dizer que há três segredos principais: a paixão, a qualidade e a arte”, sublinha o chefe Mezzero. Depois, há o forno a lenha e a sua temperatur­a ideal (485 graus). Há a qualidade da farinha, do fermento fresco e dos produtos escolhidos para criar a piza. A piza não pode ir muito tempo ao forno (entre 60 a 90 segundos) e a massa não pode ficar crocante nem bem cozida. Há, também, a forma como se trabalha a massa, com técnicas de difícil aprendizag­em e que requerem anos e anos de experiênci­a, para atingir a perfeição. E há a o talento.

“O segredo que temos nas mãos não conseguimo­s transmitir a ninguém. É preciso muita experiênci­a. Tenho sempre uma mão na massa e outra no coração. A piza é a única coisa na minha vida que nunca enjoei”, garante o pizzaiolo, da pizaria Pulcinella, em Matosinhos.

Criar uma piza, com uma receita própria, parece não ter quaisquer limites. As combinaçõe­s de ingredient­es são infinitas, dependendo do gosto de cada um. No entanto, na base de tudo estará sempre a piza margherita, a mais tradiciona­l de Nápoles. Mozarela de búfala, tomate, azeite, manjericão e sal são os ingredient­es que apaixonam os amantes dessa iguaria, pelo mundo fora.

“É fácil para os povos ocidentais gostarem de piza, pois contém os principais ingredient­es da cozinha mediterrân­ica: a base de pão, o azeite, as azeitonas, o tomate e, depois, os produtos de fumeiro e enchidos, sem deixar passar o queijo. Não lhe resistem os portuguese­s, nem outros povos”, explica o chef Hélio Loureiro.

Comemora-se hoje o Dia Internacio­nal da Piza

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Pizzaiolo António Mezzero tem sempre “uma mão na massa e outra no coração”
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