Porto está na frente para receber Agência Europeia do Medicamento
Decisão tomada quinta-feira em Conselho de Ministros. Argumentos do Norte para acolher a EMA reúnem consenso político
A candidatura do Porto à Agência Europeia do Medicamento (EMA) “reuniu consenso político” na Comissão de Candidatura Nacional e no Governo. A cidade deverá ser anunciada esta quintafeira, em Conselho de Ministros, como a escolha nacional à corrida que é disputada por mais de 20 cidades na Europa. A garantia foi dada, ontem, ao JN por várias fontes ligadas ao processo.
Recorde-se que o primeiro-ministro António Costa e o líder do principal partido da oposição, Pedro Passos Coelho, já tinham defendido que o Porto seria a melhor solução. O prazo para a entrega das candidaturas nacionais (Porto e Lisboa) termina hoje; o prazo europeu acaba a 31 de julho. O vencedor final será conhecido em novembro próximo, em Bruxelas.
A favor do Porto está uma “decisão política”, que tem em consideração o facto de Lisboa já ser sede de duas das 39 agências europeias deslocalizadas (Observatório da Droga e da Toxicodependência e a Agência de Segurança Marítima), o que configura nos critérios de eliminação do Conselho Europeu, que beneficia as cidades sem sede. Se Lisboa ganhar a corrida nacional e posteriormente a europeia, será, juntamente com Budapeste, a cidade com mais agências: três.
De acordo com os dossiês técnicos das duas cidades portuguesas a que o JN teve acesso – cada país só pode candidatar uma cidade –, tanto o Porto como Lisboa preenchem os seis critérios gerais [ver quadro ao lado] estabelecidos pelo Conselho Europeu. Lisboa adiciona um retrato mais exaustivo da cidade. O Porto circunscreve-se ao caderno de encargos.
29% do emprego está em Lisboa
Num documento de 65 páginas, a capital do país expõe um leque maior de possibilidades (no transporte, na escola, na capacidade empregadora) e desenvolve mais detalhadamente os argumentos. No entanto, apresenta também vários motivos que são contraproducentes na lógica de uma corrida que privilegia a descentralização. De acordo com a própria candidatura, a Área Metropolitana de Lisboa representa 37% do PIB nacional e concentra 29% do emprego do país. O salário médio de Lisboa é de 1574,9 euros enquanto o do país ronda os 1090 euros.
300 milhões de orçamento
A EMA que funcionou nos últimos 20 anos em Londres, sairá do Reino Unido por causa do Brexit, tal como Agência Bancária Europeia, a que Portugal não se candidata, e que é menos disputada, porque tem menos funcionários e menos orçamento, tendo menos impacto na economia local.
Os parâmetros para selecionar o país que vai acolher a EMA são apertados, sobretudo porque a agência compreende uma logística complexa: 900 funcionários com mais de 600 filhos, o que implica escolas internacionais para os acolher; 500 reuniões por ano assistidas por mais de 35 mil visitantes, o que obriga a ter capacidade hoteleira correspondente. Acresce a exigência de um organismo que continua a atrair quadros competitivos para o setor. Por ano, a EMA tem um orçamento de 300 milhões de euros.