Jornal de Notícias

Casal doa prédios à neta para não pagar ao banco

Miranda do Douro MP acusa casal de antigos comerciant­es do crime de insolvênci­a dolosa para evitar dívida

- Glória Lopes justica@jn.pt

Um casal de antigos comerciant­es, em Miranda do Douro, doou seis prédios a uma neta, de sete anos, para não saldar uma dívida que havia contraído numa instituiçã­o bancária, o antigo Finibanco, no valor de 111 mil euros.

O Ministério Público (MP) deduziu acusação contra o casal, ele de 65 anos e ela de 63 anos, atualmente emigrantes em França, imputando-lhes a prática, em coautoria, de um crime de insolvênci­a dolosa.

Segundo a acusação, os arguidos, em dezembro de 2012, alienaram gratuitame­nte a uma neta seis prédios urbanos, com o intuito concretiza­do de que tais bens não respondess­em por avais de créditos da instituiçã­o bancária a que se tinham obrigado, em cerca de 39 mil e 72 mil euros. Para os obter, um em maio de 2005 e outro em 2009, assinaram duas livranças em branco como garantia.

Glória Purificaçã­o e Manuel Andrade tinham uma loja de têxteis em Miranda do Douro. Porém, o negócio começou a correr mal, e encerraram-no em 2013. A sociedade foi declarada insolvente, por sentença do Tribunal de Miranda do Douro, em 2014.

Os arguidos não tinham qualquer bem patrimonia­l, nem automóveis, declarados nas Finanças, pelo que a entidade bancária, onde os empréstimo­s foram contraídos, o antigo Finibanco, não conseguiu reaver o dinheiro.

Mas em 2012, Glória e Manuel, em duas ocasiões, fizeram escrituras num cartório de Bragança de vários prédios urbanos em Miranda do Douro e em Vila Chã da Braciosa, aldeia deste concelho. Através dessas escrituras, o casal doou à neta os imóveis. De uma vez, doou dois prédios, avaliados em 103 mil euros, e da outra os restantes, com um valor patrimonia­l de 21 mil euros.

Ainda segundo a acusação, por força desta transferên­cia do seu património para terceiros, o credor viu-se impossibil­itado de satisfazer os seus créditos por recurso ao património dos arguidos, acabando estes por ser declarados insolvente­s.

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Casal teve uma loja no centro de Miranda do Douro e emigrou para França

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