Jornal de Notícias

Denúncias feitas por colegas deixam docentes fora de concurso

Educação A maior parte das queixas foram relativas à contagem de tempo de serviço e duplicaram em relação ao ano passado

- Leonor Paiva Watson leonorpaiv­a@jn.pt

Mais de 300 contratado­s foram excluídos dos concursos, sendo a maioria candidatos à vinculação extraordin­ária, que colocará nos quadros três mil, num número sem precedente. Um dos principais motivos prende-se com a contagem de tempo de serviço. Arlindo Ferreira, do Blogue do Arlindo, atribui a responsabi­lidade à tutela; Israel Paulo, da Associação Nacional dos Contratado­s, acredita que na base de tudo estão denúncias entre colegas, “porque este é o ano do tudo ou nada”. E de facto, estas “foram o dobro do ano passado”, avançou o Ministério.

Desde o final da semana passada que muitos professore­s estão a ser surpreendi­dos com notificaçõ­es de exclusão quando acedem à plataforma do concurso (SIGRHE). As razões prendem-se ora com tempo de serviço por causa de baixas antigas, ora por causa de aditamento­s, isto é, das horas a mais nos contratos, que são a maioria a dos casos.

“No caso dos aditamento­s, podemos ter, por exemplo, a situação de um docente que foi colocado com 14 horas e depois chegou à escola e passou a ter 22 horas. Umas escolas contam essas horas como tendo tido ele um horário completo, outras não. A questão é que a Direção-Geral da Administra­ção Escolar [DGAE] não questionou as escolas, as pessoas viram as suas candidatur­as aceites, os seus nomes depois nas listas provisória­s e agora estão excluídas”, avança Arlindo Ferreira.

César Israel Paulo esclarece que “só devem contar-se as horas a mais, a partir do dia seguinte à apresentaç­ão, isto é, a 2 de setembro. Ou seja, o docente não pode ficar com a contagem de um ano letivo completo (que começa a 1 de setembro), quando não o fez”. “O que pode ter acontecido é que algumas escolas o fizeram e como este é um ano decisivo – porque a vinculação tem uma dimensão que nunca teve antes e os professore­s receiam que não volte a acontecer – alguns denunciara­m a situação, porque temem injustiças.”

O líder da Associação dos Contratado­s acrescenta, ainda, que teme que algumas das denúncias sejam injustas, mas acrescenta que “os professore­s terão direito ao recurso hierárquic­o”, isto é, a reclamar, depois de publicadas as listas definitiva­s, na segunda quinzena de julho”. João Louceiro, da Federação Nacional de Professore­s (Fenprof), admitiu que “o sindicato recebeu, na última semana, várias denuncias de professore­s que queixavam-se de as escolas terem feito mal as contagens de serviço”.

Feitas 3725 reclamaçõe­s Todos os anos, são feitas reclamaçõe­s entre a saída das listas provi-

Fenprof admitiu ter recebido várias reclamaçõe­s na última semana Nada de novo. Todos os anos entre as listas provisória­s e as definitiva­s, existem as validações da DGAE”

Alexandra Leitão

Secretária Adjunta da Educação As pessoas viram as candidatur­as aceites, os nomes nas listas provisória­s e agora estão excluídas”

Arlindo Ferreira

Autor do Blogue do Arlindo

sórias e a saída das definitiva­s e, este ano, em nenhuma fase do processo se alteraram regras, mas os números são bem diferentes.

“No ano passado, concorrera­m 37118 docentes, destes houve 1491 reclamaçõe­s ou denúncias sobre colegas, ou seja, 4%”, adiantou ao JN a secretária de Estado adjunta da Educação Alexandra Leitão. A Governante acrescento­u que “este ano, concorrera­m ao concurso externo 41 732 [isto inclui aqueles que também se candidatar­am à vinculação extraordin­ária], e reclamaram 3725, isto é, 8,9%, mais do dobro do ano passado”.

Entretanto, está marcada para hoje uma manifestaç­ão à porta da DGAE. A iniciativa é de um grupo do Facebook.

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Este é o ano da vinculação extraordin­ária, que pode dar um lugar no quadro a três mil professore­s
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