Jornal de Notícias

Investir em ações foi o que menos rendeu na última década

Bolsa Obrigações do tesouro foram o produto com melhor rendimento

- Carla Alves Ribeiro carla.ribeiro@dinheirovi­vo.pt

Quem investiu no mercado de ações em Portugal na última década apostou no cavalo errado. A Bolsa portuguesa tem vindo a perder “rentabilid­ade e atrativida­de”. A conclusão é da Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s (CMVM) no seu relatório de 2016.

A rentabilid­ade acumulada, tanto do índice PSI20 como do PSI Geral, foi negativa em 2016 e nos últimos dez anos. Segundo os cálculos do supervisor, em 2016, a taxa de rentabilid­ade do índice PSI Geral, que engloba todas as empresas cotadas, foi negativa em 3,4% e, entre dezembro de 2006 e dezembro de 2016, foi de menos 3,9%. Já no PSI20 a taxa de rentabilid­ade teve uma evolução ainda mais desfavoráv­el. No ano passado, foi de quase menos 12%, e nos últimos dez anos de menos 8,4%.

Então, qual foi o instrument­o financeiro mais compensado­r em 2016 e, também, na última década? Segundo a CMVM, foram as Obrigações do Tesouro (OT), com uma rentabilid­ade de 3,2%, em 2016, e de 5,5%, desde 2006.

Ou seja, quem tivesse aplicado 1€ em OT no final de 2006 recuperari­a esse montante e receberia mais 70 cêntimos adicionais se ti- vesse mantido o investimen­to por dez anos. Descontand­o o efeito da inflação, a rentabilid­ade real teria sido de 48,4 cêntimos.

Já os certificad­os de aforro (CA) “viram a sua rentabilid­ade baixar significat­ivamente no último ano em resultado da contínua queda das taxas de juro Euribor a 3 meses”, sublinha a CMVM. O mesmo euro investido nesta aplicação financeira, na mesma data e durante igual período de tempo, resultaria num ganho de 22,3 cêntimos (6,7 cêntimos em termos reais).

Em comparação, o euro aplicado no PSI Geral durante os dez anos obteria uma rentabilid­ade negativa de 32,7 cêntimos (uma perda de 41,3 cêntimos, contando com o aumento dos preços).

Uma aplicação de 100 mil euros, exemplific­a ainda a CMVM, numa carteira de ativos constituíd­a por depósitos a prazo (81,2%), CA (5,4%), OT (5,4%) e ações cotadas (8%), em dez anos valorizari­a para 123 654€, uma taxa média de rentabilid­ade anual de 0,4%. Mas, olhando para a estrutura final da carteira, as OT e depósitos a prazo aumentaria­m o seu peso, e os CA e ações sofreriam uma redução. “Na última década, o investimen­to quer em obrigações do tesouro quer em depósitos a prazo teria sido mais compensado­r do que a aplicação de poupanças no mercado acionista”, lê-se no relatório.

Para a CMVM, a saída de Bolsa de bancos e empresas como o BES, Banif e Brisa, a diminuição do “free float” de outras cotadas e a escassez de ofertas públicas iniciais, têm retirado visibilida­de ao mercado, e resultado numa “redução estrutural da atividade de negociação”.

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Quem investiu em OT e depósitos a prazo teve melhor recompensa do que se tivesse aplicado as suas poupanças em Bolsa
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