Jornal de Notícias

Richard Zimler ganhou uma nova casa

Porto Medalha Municipal de Honra da Cidade deixou escritor norte-americano “muito comovido”

- Tiago Rodrigues Alves tiago.alves@jn.pt

escritor e professor Richard Zimler não escondeu a comoção quando ontem de manhã foi agraciado com a Medalha Municipal de Honra da Cidade do Porto. “Este reconhecim­ento significa que eu tenho uma nova casa e essa casa é o Porto. E fico muito comovido com isso”, explicou o norteameri­cano que em 1990 trocou Nova Iorque pela Invicta.

Zimler confessa que os primeiros anos foram “muito difíceis” mas “agora não”. “O Porto é calmo, tranquilo, e as pessoas são sempre simpáticas. Não posso imaginar um sitio mais acolhedor”, elogiou. O escritor de 61 anos diz que, depois de tanto tempo a viver num sítio, já não são as coisas grandes como a Torre dos Clérigos ou o Douro que o apaixonam: “São as pessoas que conheço há quarenta anos, a Foz e os seus lojistas e as pequenas lembranças como a do jacarandá enorme que estava ao pé da galeria da Árvore. São as coisas íntimas que me tocam mais”.

Antes, o presidente da Câmara tinha justificad­o a atribuição da medalha por considerar Richard Zimler “um portuense que não nos deixa esquecer a nossa história e vocação, sempre que assume os recantos e amores de uma cidade que é sua por inteiro”. Rui Moreira realçou ainda o facto de o escritor ter nascido do outro lado do Atlântico não o torna menos portuense, pelo contrário.

“Zimler é como Nasoni ou Eiffel. Como os Niepoort ou os Vanzellere­s. É um portuense que nasceu longe, fazendo o Porto maior, enorme, imenso. Um Porto que leva consigo nas linhas, nas entrelinha­s e nos olhos. Um Porto com mundo. Sem medo do Universo. Zimler projeta-nos no Mundo e traz-nos Mundo. E tudo isso com a sua paixão doce pelo Porto”, considerou o autarca. E garantiu que “o nosso granito não treme por incorporar o que o porto do Porto lhe traz de além-mar”.

“O Porto não tem medo, nem do futuro, nem dos sotaques, das línguas, das culturas que embebe, que adota, que inspira e transforma”, sossegou o presidente.

A cerimónia, realizada , ontem, dia no qual há 185 anos as tropas liberais de D. Pedro entraram no Porto, distinguiu outros 25 cidadãos e instituiçõ­es ligados à cidade como, por exemplo, a Associação de Jornalista­s e Homens de Letras do Porto, D. Januário Torgal Ferreira, Joel Cleto ou, a título póstumo, Manuel de Sampaio Pimentel que receberam a Medalha de Mérito - Grau Ouro.

Rui Moreira agradeceu a todos os agraciados porque eles “são o verdadeiro hardware da cidade”, “o sustento físico da cidade, a energia sentimento comum e de pertença é hardware”.

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Presidente da Câmara elogiou Richard Zimler (à direita) que leva o Porto “consigo nas linhas, nas entrelinha­s e nos olhos”
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Cerimónia na Casa do Roseiral distinguiu 26 cidadãos e instituiçõ­es

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