Terreno para Madonna causa fissuras na coligação de Lisboa
Estrela pop pediu espaço para frota de 15 carros
Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda, “parceiro” do Executivo de Fernando Medina, vai pedir esclarecimentos ao presidente sobre a cedência das traseiras do Palácio Pombal, junto à Rua das Janelas Verdes, a Madonna – a viver naquela área há um ano – para a estrela pop poder estacionar a sua frota de 15 carros. Também o CDS e o PCP, da oposição, apresentam já hoje pedidos de informação.
“O estacionamento em Lisboa é escasso e por isso deve ser regulado com responsabilidade”, disse fonte do Bloco de Esquerda ao JN. O BE quer saber em que moldes a cedência foi feita.
A oposição também, porque, pelo que foi dito ao JN, ninguém sabia deste acordo entre Madonna e a autarquia. Isso mesmo assegura João Gonçalves Pereira, do CDS: “não houve uma reunião de câmara para discutir o assunto, os vereadores não sabiam de nada”. Neste sentido, os centristas apresentam hoje “um pedido de infor- mação escrita ao presidente Medina exigindo um esclarecimento rápido da situação”.
CEDÊNCIA “TEMPORÁRIA”
Fonte oficial da Câmara já veio a público dizer que aquele espaço foi cedido “apenas durante um período limitado, enquanto decorrerem as obras nos prédios na Rua das Janelas Verdes”. Argumentou ainda que já disponibilizou o mesmo espaço, ainda recentemente, para o Ministério da Cultura e que, quando acabar a cedência, serão cobradas as verbas correspondentes às rendas. O Executivo explicou depois que este acordo teve como propósito evitar “perturbações e transtornos” na Rua das Janelas Verdes. Os moldes não foram revelados, mas ontem ao DN uma fonte oficial da Câmara disse que Madonna irá pagar 720 euros por mês pelo terreno.
ARGUMENTOS NÃO CONVENCEM
Os argumentos não convencem os centristas. Gonçalves Pereira volta à carga e recorda que “a Câmara elimina lugares de estacionamento na cidade” e que “existe uma EMEL que persegue os cidadãos, exigindo pagamentos no momento, cobrando ainda aos moradores por cada viatura à cabeça, não sendo pouca coisa”. Não se entende, por isso, “este tratamento privilegiado”. “Não está em causa a Madonna ou ela viver no nosso país. É bom e projeta Portugal. O que está em causa é o presidente dispor do que é de todos, como se estivesse a dispor do seu património pessoal”.
O PCP não anda longe desta perspetiva. Fonte oficial dos comunistas sublinha que “o partido não tinha conhecimento deste acordo”, pois “não houve qualquer reunião de câmara onde o mesmo tenha sido discutido”, prometendo questionar Medina. “Queremos saber em que condições foi festa esta cedência, quais as contrapartidas, se este pode ser considerado um caso de exceção e, nesse caso, qual a fundamentação para tal”, avança.
O JN tentou contactar os assessores da Câmara de Lisboa para obter mais esclarecimentos, mas não obteve qualquer informação adicional.