Mundial Portugal rendeu pouco e sofreu demasiados golos
Seleção nacional aproveitou mal a embalagem do título europeu e saiu do Mundial sem glória. Sofreu seis golos em quatro jogos, mais do que nos sete encontros realizados no Euro 2016
Dois anos depois da conquista do Europeu, Portugal não conseguiu ir além dos oitavos de final no Mundial, vergado pelo Uruguai, seleção que como equipa foi superior mas que, na globalidade, não se mostrou melhor individualmente.
O que falhou afinal? No sábado, sobretudo, a abordagem ao jogo e a aposta em jogadores que não renderam. Não atacou bem na primeira parte – Santos preferiu largura a meter jogadores na área do Uruguai e ninguém percebeu porquê – e na segunda faltou eficácia. A defesa cometeu erros capitais e houve sempre a sensação de que se os sul-americanos precisassem de colocar o pé no acelerador poderiam causar mais estragos.
Ainda assim, Portugal fez em So- chi a melhor exibição do torneio. O que é elucidativo sobre as prestações anteriores e o balanço final da sua participação. Com a Espanha, valeu Ronaldo, e diante de Marrocos, alguma sorte. Finalmente, no último jogo da fase de grupos, a desilusão subiu de tom face ao sofrido empate com o Irão.
Tal como tinha acontecido em França, em 2016, Portugal realizou uma fase de grupos que despertou muitas dúvidas, mas, desta vez, Fernando Santos contava com um capital de confiança quase inesgotável, fruto do título europeu. Parecia até um bom prenúncio para os mais supersticiosos, crentes de que tudo se repetiria.
No entanto, o selecionador aproveitou mal a embalagem de Saint-Denis. A equipa não jogou melhor e os resultados não foram sequer parecidos. A defesa piorou consideravelmente: seis golos sofridos em quatro jogos, quando nos sete encontros de há dois anos concedeu apenas cinco.
Por outro lado, em apenas 24 meses, a convocatória do Europeu foi alterada em quase metade, o que teve custos no equilíbrio. Fora das quatro linhas, houve condições. Um centro de estágio propício ao trabalho e funcional, um aeroporto a 10 minutos de autocarro, e uma comitiva oleada para responder positivamente às necessidades dos jogadores. Faltou o apoio popular gigantesco de Marcoussis, de há dois anos, mas o país esteve sempre do seu lado.
Mas nem tudo foi abaixo do razoável: Portugal quebrou um recorde de invencibilidade na Europa – somou 17 jogos sem perder em fases finais – e Ronaldo tornou-se um dos únicos jogadores a marcar em quatro Mundiais.