Terreiro do Paço
Com as suas equipas eliminadas, adeptos elegem outras seleções para continuar no Mundial
Um argentino torce por Espanha, um português pelo Brasil e um alemão pela Dinamarca. Será que o Mundial endoideceu? Nada disso. Estas são agora as seleções dos perdedores que passam pelo Terreiro do Paço, em Lisboa. Não é que seja fácil ultrapassar o desgosto. Há sempre um vazio quando se investe tanto na primeira escolha e não resulta.
Mas a vida continua e o Mundial também. É preciso esquecer as mágoas e seguir em frente. As opções nos oitavos são mais limitadas, mas é possível encontrar uma outra equipa para ocupar o coração de um adepto. “Não é a mesma coisa. As emoções não são tão fortes e somos mais racionais”, conta Diogo, explicando que agora torce pelo Brasil, não só pela “afinidade cultural”, mas também por ser “a equipa com mais chances de chegar à final”.
Para uma argentina a decisão pode tornar-se complicada. No dia em que a sele-
ARENA PORTUGAL
ção de Camila Flores caiu aos pés de França, ela continuou ao lado da seleção portuguesa. O Uruguai não é propriamente o substituto dos sonhos dela e Portugal não seria uma escolha óbvia, não estivesse de férias por aqui. “Estive no Porto e estou agora em Lisboa pela primeira vez.” Foi amor à primeira vista.
Camila deixou-se conquistar pela barriga, devorando francesinhas e bolinhos de bacalhau, no Porto, ou empanturrando-se de sardinhas assadas e pastéis de Belém em Lisboa. “A comida é excelente, o povo hospitaleiro e o clima espetacular.” Três fortes motivos para estar do lado dos portugueses, mas pouco tempo: “Portugal jogou bem, mas não chegou.” E Espanha foi a seleção que se seguiu. É caso para concluir que esta adepta não tem sorte no desporto: “A partir de agora não vou torcer por ninguém.”
Peter Ehrlic esteve pela Alemanha, mas agora sofre pela Dinamarca. E está consciente de que a escolha pode não ter futuro. Quem não arrisca nunca saberá se valeu a pena e ele, com uma namorada dinamarquesa, está “disposto a ir até ao fim.” Mais um falhanço. É a vida. É o Mundial.