Madonna estaciona 12 veículos acima do permitido
Dístico de residente custa um euro por mês, mas máximo permitido são três veículos por fogo
A cantora norte-americana Madonna, a residir na capital portuguesa há quase um ano, está a pagar mais de estacionamento do que os restantes residentes na zona das Janelas Verdes, mas, em contrapartida, tem lugar, no terreno nas traseiras do Palácio Pombal cedido a “título muito precário” pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), para 15 veículos – mais 12 do que o máximo permitido a qualquer morador na cidade. A opção é justificada pela Autarquia com a necessidade de “evitar perturbações e transtornos no trânsito local”.
O acordo, celebrado em janeiro, foi parcialmente divulgado no sábado pelo “Expresso” e detalhado, no dia seguinte, pelo “Diário de Notícias”: de modo a encontrar uma solução para o parque automóvel da artista enquanto decorrem as obras no Palácio Ramalhete, que terá alugado como habitação, o município cedeu a Madonna, mediante o pagamento de 720 euros mensais, um terreno nas traseiras do Palácio Pombal, situado nas imediações. O valor, expli- cou ontem a Autarquia em comunicado, “resulta da aplicação prevista na tabela de preços e outras receitas municipais, aprovada pela Assembleia Municipal e às quais a CML está vinculada”.
Na prática, trata-se de cobrar, para a função de estacionamento, 2,40 euros por cada m2 do terreno. A cantora dispõe, assim, de 300 m2 para parquear um número indefinido de carros – que, neste caso, serão, segundo o “Expresso”, 15. É quando se divide o montante que a artista paga mensalmente por este número que se obtém o valor pago por cada automóvel – 48 euros/mês.
A quantia é superior à que qualquer residente em Lisboa paga para poder estacionar o carro junto à habitação – 12 euros anuais. Ou, de outra forma, um euro por mês. No caso do segundo automóvel, esse valor aumenta, de acordo com a informação disponível no site da EMEL – Empresa Municipal para a Mobilidade e Estacionamento de Lisboa, para 42 euros/ano (ou 3,5 euros/mês) e, no caso de terceiro, para 132 euros/ano (ou 11 euros/mês).
VIZINHOS NÃO SE INCOMODAM
A partir daqui, não é possível requerer mais dísticos de residente, que, no novo bairro de Madonna, permitiram, por exemplo, deixar os automóveis em transversais entre a Rua das Janelas Verdes e a Avenida 24 de Julho – um condicionamento que, com a cedência temporária do logradouro do Palácio Pombal, é contornado pela artista.
O regime de exceção não incomoda, porém, quem ali trabalha. “Não me faz diferença”, garante ao JN Marco Mendes, comerciante, enquanto o colega de profissão José Soares adianta que, com o seu dístico, não tem problemas em arranjar lugar. Sobretudo desde que na Avenida 24 de Julho o estacionamento à superfície, destinado a visitantes, passou a ser pago. Neste caso, é possível parar até quatro horas, por um máximo de 3,20 euros.
Esta não é a primeira vez que as traseiras do Palácio Pombal são cedidas para estacionamento. Até dezembro, adianta a CML, o local foi utilizado para o mesmo fim pelo Instituto José de Figueiredo. O Município sublinha que “não tem condições para tornar o espaço em apreço num parque de estacionamento definitivo” e “daí o vínculo precário de cedência” passível de ser terminado “a qualquer momento” devido às negociações que decorrem para que ali nasça a Embaixada de Timor Leste.