Jornal de Notícias

Bancos falidos custaram 760 milhões ao Estado

Parvalorem, ligada ao BPN, teve receitas de 447 milhões em 2017. Mas 72% do valor foi injeção de capital estatal

- Luís Reis Ribeiro luis.ribeiro@dinheirovi­vo.pt

GASTOS Os restos de bancos privados que faliram desde 2008 e depois ficaram na posse do Governo continuam a custar milhões aos contribuin­tes.

De acordo com um levantamen­to feito pelo JN/Dinheiro Vivo com base na Conta Geral do Estado (CGE) de 2017, ontem divulgada pelas Finanças, a despesa realizada no ano passado por causa dos tais veículos financeiro­s (que carregam os ativos menos bons e maus dos antigos Banif e BPN) ascendeu a 768,2 milhões de euros, mais dez milhões face ao que estava previsto no Orçamento.

A este valor acrescerá ainda 1,2 milhões de euros com operações herdadas do antigo BES, mas a CGE, apesar de ser o documento que encerra oficialmen­te o ano orçamental, ainda não disponibil­iza os valores efetivamen­te executados do lado da receita (cobranças) e da despesa (pagamentos).

Caso esta última previsão se materializ­e, o Estado vai gastar, afinal, um pouco mais, cerca de 769,4 milhões de euros. Só para se ter um termo de comparação, a despesa pública decorrente das resoluções e nacionaliz­ação (caso do BPN) dos antigos bancos privados é superior ao que o Governo estima gastar com o descongela­mento de carreiras (600 milhões de euros).

Como já noticiou o JN/Dinheiro Vivo em outubro, para este ano, o Governo prevê gastar ainda mais com estas sociedades, cerca de mil milhões (mais 32%).

Ao todo, Mário Centeno, ministro das Finanças, tem a tutela de 12 veículos financeiro­s que herdaram ativos tóxicos, problemáti­cos ou mais difíceis de rentabiliz­ar dos três bancos referidos (quatro ligados aos Banif, cinco ao BES e três ao BPN). Os gastos previstos com estas sociedades servem para financiar recuperaçã­o de ativos, pagar juros e capital que vença, apoiar a venda de imóveis, pagar contencios­o e litigância em tribunais, entre outros problemas.

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Finanças de Centeno tutelam 12 veículos financeiro­s ligados a BPN, BES e Banif

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