Jornal de Notícias

“As pessoas jogam para estar ligadas aos outros”

Adelino Vale Ferreira, diretor da DICAD

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O que leva as pessoas a aderirem ao jogo ilegal?

A procura da gratificaç­ão imediata. Há um retorno que prende os jogadores e que é semelhante às máquinas dos casinos. Depois há o fator solidão: as pessoas vão ao café jogar para estar ligadas a outras pessoas. Podem ser pessoas de famílias com parcos recursos financeiro­s e beneficiár­ias de apoios estatais. Temos também pessoas da terceira idade, que estão sós. Já nos jogos online encontramo­s mais jovens, entre 14 e 23 anos, que pensam no jogo como solução de vida.

Porque ficam viciados?

A dependênci­a está sempre ligada à inexistênc­ia de um projeto de vida ou à perda de um projeto de vida. A pessoa fica perdida e procura ligar-se a qualquer coisa. Quem mantém relações não fica dependente, mesmo que use substância­s ou jogos.

Há mais viciados?

É muito comum o aumento do dependente­s em grandes crises. Em Portugal, com a última crise, extremamen­te violenta, também aumentou o consumo do álcool, o jogo, a violência doméstica. A crise desestrutu­rou muitas famílias.

Na Região Norte, há zonas mais problemáti­cas?

Temos uma maior incidência onde há casas de jogo, como Chaves, que tem casinos. E a Área Metropolit­ana do Porto, que tem mais população, também tem mais problemas.

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