Gangue dos relógios de luxo nega tudo
Máfia chilena especializada em assaltos milionários julgada por roubo-relâmpago no El Corte Inglés
Foi a 11 de janeiro do ano passado. Começava a madrugada e com ela um roubo-relâmpago de mais de 900 mil euros em relógios de luxo do El Corte Inglés de Gaia. As câmaras de segurança mostram cinco encapuzados, mas só dois dos presumíveis elementos do grupo, chilenos, começaram agora a ser julgados no tribunal de Gaia. O líder dos alegados assaltantes, “Cotón”, está em fuga.
Em apenas seis minutos, o grupo rebentou as grades metálicas do café Starbucks para dali aceder a uma ourivesaria onde, usando uma marreta, conseguiu partir uma montra de segurança que tinha expostos quase um milhão de euros em relógios das mais caras e reputadas marcas do Mundo. Com a fortuna nas mãos, os homens fugiram.
De “Cotón, ninguém mais ouviu falar. Esfumou-se, deixando nas mãos das polícias europeias um mandado de detenção à espera de ser cumprido. Já outros dois, também identificados, tiveram menos sorte. Francisco
VILA NOVA DE GAIA
Carrasco, de 28 anos, natural de S. Bernardo (Chile) seria apanhado na Alemanha e enviado para cá; o outro, Nélson Torres, de 20 anos, diz ter sido detido “na catedral de Milão”, e remetido para Portugal, onde a Justiça os colocou na prisão.
Ontem, logo no início da audiência, ambos os arguidos se afirmaram inocentes à “sua senhoria”, o juiz-presidente. Estiveram realmente cá, na altura do roubo, mas como turistas. Para “conhecer o Porto”. Quanto a “relógios” e outras prendas que os investigadores descobriram que ambos tinham enviado para o Chile, através dos CTT – é o modus operandi destes grupos organizados a utilização de encomenda postal para enviar o produto roubado para os líderes da máfia chilena – seriam “imitações” de grandes marcas de relógios ou de roupas que também conseguiram “baratinho” junto de vendedores “ciganos” ou em lojas de chineses, no Porto.
Também fizeram transferências de dinheiro – “200 ou 300 euros”, dizem – para familiares que deixaram no Chile e porque faziam anos. Roubar é que nunca, asseguraram no meio de uma tradução que provocou alguns momentos de desorientação e que obrigou, por mais do que uma vez, o juiz a intervir com maior severidade.