Jornal de Notícias

Aumento da disponibil­idade monetária depois da saída da troika e falta de alternativ­a justificam recurso a viatura própria

Conforto e rapidez são argumentos na Grande Lisboa Lacunas do serviço público em destaque

- PAULO LOURENÇO

O segmento dos transporte­s públicos e coletivos representa apenas 11,1% no Grande Porto, como principal meio. Resultados que o INE nota estarem “condiciona­dos pelo elevado número de deslocaçõe­s a pé” e “pelo recurso a meios distintos”. Além disso, explica que se for considerad­o apenas “o subconjunt­o de deslocaçõe­s por transporte individual motorizado e por transporte público”, este último foi o principal meio usado em 13,9% das deslocaçõe­s. Nos dias úteis, sobe para 16,7%.

PORTO ACIMA DA MÉDIA

Olhando concelho a concelho, o domínio do automóvel é maior nas deslocaçõe­s dos residentes de Oliveira de Azeméis (Aveiro) que lidera com 85,6%. Segue-se a Feira, Santo Tirso, Vale de Cambra e Arouca. Em nenhum deles há metro. Pelo contrário, o uso de carro ou mota é menos expressivo no Porto (49,1%), Espinho, Matosinhos, Valongo e Gondomar.

Acima da média metropolit­ana na utilização dos transporte­s públicos estiveram sobretudo Porto (18,5%) e Gondomar (16,8%).

As deslocaçõe­s a pé ou de bicicleta levam vantagem sobre os transporte­s públicos com 18,9%. Curiosamen­te, destacam-se nas viagens para compras, com quase 30%.

Quanto aos tempos de percurso, as deslocaçõe­s para a Invicta registaram, em média, o segundo mais longo, com cerca de 24 minutos.

Para justificar o domínio do automóvel, Rio Fernandes refere que, “com o pós-crise, há maior disponibil­idade monetária”. E, para explicar a diferença face a Lisboa, diz que no Porto “há maior dispersão do povoamento e os serviços de transporte­s públicos não são tão bons”. “Ainda não tem uma rede capaz de servir bem a maioria”, mas o geógrafo regista com agrado o recurso aos modos suaves.

Rio Fernandes defende que a AM “tem de desenvolve­r políticas verdadeira­mente metropolit­anas”. Por sua vez, o coordenado­r metropolit­ano para este setor, Marco Martins, diz que é preciso “apostar ainda mais na mobilidade e nos transporte­s públicos”, assim como “expandir a rede do metro” e “generaliza­r o Andante”.

ESTUDO À semelhança do que sucede na Área Metropolit­ana do Porto, também na região da capital o automóvel é o meio de transporte favorito nas deslocaçõe­s diárias da população. A rapidez e o conforto são os principais motivos que os inquiridos apontam para justificar a sua escolha, mas também as lacunas do sistema de transporte­s públicos são destacadas por muitos dos inquiridos neste estudo .

Mais de metade (58,9%) dos residentes na Área Metropolit­ana de Lisboa (AML) optam pelo transporte público para as suas deslocaçõe­s, sendo que o trabalho é o motivo principal (30,8%) das respetivas viagens.

A rapidez (62,5%) é a principal explicação dos inquiridos, onde pesam também o conforto (50,4%) e a falta de ligação dos transporte­s ao local de trabalho (30,3%).

POUCA FIABILIDAD­E

As lacunas no sistema de transporte coletivo não se ficam, no entanto, por aqui. Um número significat­ivo de pessoas (24,8%) diz que escolhe o carro próprio por “serviço de transporte­s sem frequência ou fiabilidad­e necessária­s”. Há ainda 23% que afirmam não ter alternativ­a de meio de deslocação.

Já no que concerne aos principais motivos para a utilização dos transporte­s públicos, o facto de “não conduzir/não ter transporte individual” foi identifica­do por 45,3% dos residentes na AML. A “ausência de alternativ­a” e o “preço/custo do transporte público” surgem imediatame­nte a seguir (35,7%).

Por outro lado, olhando os números divulgados neste estudo, conclui-se que o transporte individual só é maioritári­o nas deslocaçõe­s para estabeleci­mento de ensino.

Tal como no Grande Porto, na capital, entre os que recorrem ao transporte público, a maioria opta pelo autocarro (10,2%), seguindo-se o comboio e metro (7,5%).

Em destaque também as deslocaçõe­s por modos suaves (pedonal ou bicicleta), que representa­m 23,5% dos inquiridos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal