Jornal de Notícias

Contra pedidos de asilo em plataforma­s de desembarqu­e

Chanceler austríaco, Sebastian Kurz, diz que aquela possibilid­ade “iria criar um fator de atração incrível”

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O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, declarou-se, ontem, contra a possibilid­ade de pedir asilo na União Europeia (UE) a partir das “plataforma­s regionais de desembarqu­e” que os dirigentes dos 28 admitem criar fora do continente europeu.

“Faço parte daqueles que consideram que autorizar os pedidos de asilo [a partir das plataforma­s] iria criar um fator de atração incrível”, declarou o chefe do Governo austríaco à rádio Ö1, numa altura em que o país acaba de assumir a presidênci­a semestral da União Europeia.

Kurz acrescento­u que a questão suscitou opiniões divergente­s na recente cimeira de líderes europeus sobre as migrações, que teve lugar nos passados dias 28 e 29.

Na cimeira, que decorreu em plena crise política sobre o futuro do direito de asilo na Europa, os res- ponsáveis dos países da UE concordara­m com o aprofundam­ento do conceito ainda vago das “plataforma­s regionais de desembarqu­e” de migrantes socorridos em águas internacio­nais.

O chanceler austríaco considera que seria “mais inteligent­e ir procurar diretament­e as pessoas em zonas de guerra, em vez de criar um incentivo para empreender a perigosa travessia do Mediterrân­eo”.

UM OCEANO DE DÚVIDAS

Outra questão que Kurz colocou é a de saber se, “a nível mundial, os 60 milhões de pessoas que estão a fugir dos seus países devem pedir asilo na Europa ou se não podem fazê-lo noutro lugar”.

Até agora, nenhum país fora da UE se disponibil­izou para acolher as “plataforma­s regionais de desembarqu­e”, cuja implementa­ção levanta muitas dúvidas entre os países europeus e sobre a compatibil­idade com o direito internacio­nal.

O chanceler austríaco disse, no passado sábado, que seria viável fazer acordos com países africanos para acolher esses locais, esperando que seja realizada uma cimeira UE-África até ao final deste ano.

A ideia seria poder determinar nesses locais quem pode solicitar asilo, o que Kurz agora rejeita, em linha com o programa antimigraç­ões com que venceu as legislativ­as de outubro de 2017.

Esta estratégia dura contra a imigração vai dominar a presidênci­a europeia de Kurz, que se congratulo­u com a “mudança de tendência” que, em sua opinião, representa o plano para endurecer as políticas de asilo na Europa que resultou da cimeira europeia.

REINTRODUÇ­ÃO DE CONTROLOS

Não que o chanceler já não viesse a dar mostras desse endurecime­nto. Por exemplo, há cerca de uma semana, disse que o seu país vai reintroduz­ir os controlos na fronteira com a Itália caso a Alemanha devolva migrantes através da sua fronteira com os transalpin­os.

Aliás, Alemanha e Itália formam, segundo Kurz, com a Áustria um “eixo” para lutar contra a imigração ilegal na UE, quando os europeus se dividem acerca da questão.

Kurz disse ao jornal alemão “Bild” que faria tudo para proteger as fronteiras do seu país, incluindo reintroduz­ir o controlo de fronteira no Brenner , uma das principais passagens fronteiriç­as austro-italianas.

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Kurz tem vindo a radicaliza­r discurso sobre migrantes. E a Áustria preside à União Europeia...

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