Jornal de Notícias

Resgate de 12 crianças e um adulto de gruta pode durar semanas

Pode levar semanas até ser possível resgatar equipa de futebol presa em caverna há onze dias

- Emanuel Carneiro * emanuel@jn.pt * AGÊNCIAS

Autoridade­s avaliam vários cenários para salvamento

TAILÂNDIA As equipas que participam nas operações de resgate da equipa de futebol encontrada numa gruta no Norte da Tailândia têm agora de decidir como retirar os 12 meninos e o treinador da caverna, parcialmen­te inundada, uma tarefa que pode levar semanas.

Desfigurad­os e famintos, os rapazes – com idades entre 11 e 16 anos – piscaram os olhos com a chegada do facho de luz transporta­do pela primeira equipa de mergulhado­res a encontrá-los, depois de dez dias nas profundeza­s escuras da caverna Tham Luang Nang Non, que fica na província de Chiang Rai e estende-se sob uma montanha por cerca de dez quilómetro­s. Grande parte dela tem uma série de passagens estreitas que levam a câmaras amplas.

No vídeo da descoberta dos meninos e do treinador, de 25 anos, vê-se que eles trocam breves palavras com o mergulhado­r britânico que os encontrou, na noite de anteontem.

A troca começa com um obriga- do em uníssono pelas crianças tailandesa­s em inglês e prossegue com o aparecimen­to das equipas de resgate, que emergem das águas turvas da caverna.

“Quantos são vocês?”, pergunta o britânico em voz alta, com a luz varrendo a escarpa lamacenta onde o grupo encontrou refúgio, longe dos meandros da rede subterrâne­a. “Treze”, responde, em Inglês, um dos pequenos, ao mes- mo tempo que a lâmpada ilumina os meninos um por um, como se o mergulhado­r os contasse.

Alguns dos “javalis selvagens”, como se chama a equipa de futebol, colocaram as suas camisas vermelhas nos joelhos para tentar proteger-se do frio. Estão com um aspeto abatido, mas aqueles que se expressam parecem lúcidos, apesar dos longos dias sem comida.

Um dos garotos pergunta, em inglês hesitante, se eles vão “sair”. “Não, não hoje [ontem]. Somos dois, temos de mergulhar. Estamos a chegar, há muita gente a chegar, muita gente, nós somos os primeiros”.

O mergulhado­r levanta as mãos para dizer ao grupo que estão no subsolo há dez dias, acrescenta­ndo: “Vocês são muito fortes”. Então, dá uma lâmpada ao grupo.

O Conselho Britânico de Resgate de Cavernas estima que os garotos tenham percorrido dois quilómetro­s de caverna e estejam entre 800 metros e um quilómetro abaixo da superfície. Outras estimativa­s colocam os meninos até quatro quilómetro­s para dentro da gruta.

As autoridade­s têm de avaliar a segurança das crianças na altura de decidir como as retirar. Um problema é que nenhuma delas sabe nadar; além disso, há passagens bastante estreitas, cuja travessia requer experiênci­a de mergulho.

Segundo o coordenado­r nacional da Comissão Nacional de Resgate em Cavernas nos EUA, a principal decisão agora é entre retirar as crianças ou alimentá-las ainda no interior.

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Desde 23 de junho que as equipas de socorro trabalham sem parar no resgate do grupo
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Meninos foram encontrado­s desfigurad­os e famintos
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