Jornal de Notícias

Finanças travam mais descontos nos transporte­s

Portaria que dará descontos de 25% ou 50% a utentes de transporte público de todo o país espera aprovação de Centeno há meio ano

- Alexandra Figueira afigueira@jn.pt

A portaria que alarga a todo o país os descontos nos transporte­s públicos está à espera de aprovação pelas Finanças há cerca de meio ano. A medida faz parte do Programa Nacional de Coesão Territoria­l (PNCT) e já devia ter entrado em vigor em 2017, mas tarda em receber o visto de Mário Centeno, criticado por isso por autarcas do interior.

Hoje, as tarifas bonificada­s nos transporte­s públicos dadas a populações carenciada­s ou vulnerávei­s só se aplicam nas áreas metropolit­anas do Porto e de Lisboa. No PNCT, previa alargá-lo a todo o país e praticar descontos de 50% ou de 25% sobre o custo do passe comprado por pessoas com mais de 65 anos, com carências económicas ou desemprega­das.

O PNCT previa que arrancasse em 2017 e o Orçamento do Estado para esse ano assegurava que seria “consolidad­a” a sua extensão “a todo o território”. Mas não saiu do papel. No balanço da monitoriza­ção semestral feita à execução do plano lê-se que a medida está “em fase final de aprovação”. Contactado, o coordenado­r, João Paulo Catarino, não adiantou mais esclarecim­entos e o gabinete do secretário de Estado de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, disse apenas que se encontra “em processo de tomada de decisão”.

O JN sabe, contudo, que a portaria que estende o benefício aos utilizador­es de transporte público de todo o país saiu do Ministério do Ambiente no início deste ano e aguarda autorizaçã­o das Finanças, desde então. Questionad­o, o gabinete de Mário Centeno não esclareceu por que razão a portaria não foi ainda aprovada nem deu uma data prevista para que avance.

AUTARCAS QUEREM IGUALDADE

“Existe um tratamento desigual dos cidadãos que vivem nas áreas metropolit­anas do Porto e de Lisboa e dos que vivem no interior do país”, lamentou o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias. “O sol quando nasce é para todos”, acrescento­u Fernando Queiroga, presidente da Comunidade Intermunic­ipal (CIM) do Alto Tâmega e autarca de Boticas. “Esperamos que a medida faça parte do Orçamento do Estado para 2019”, afirmou Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga e da CIM do Cávado.

Não é só no benefício ao passe dos utentes de transporte público que os autarcas encontram uma “discrimina­ção do interior face aos grandes centros urbanos”, como disse Fernando Queiroga. Fora do Porto e Lisboa, o investimen­to no transporte público de passageiro­s e a operação dos sistemas é feita de forma exclusiva a expensas das autarquias.

Ricardo Rio recordou que a reclamação de tratamento igual, antiga, já levou autarcas de cidades como Braga, Coimbra, Vila Real ou Faro a unirem-se em protesto.

Devia ser essa a “primeira medida a ser tomada”, concordou Hernâni Dias que, em Bragança, é forçado a subvencion­ar o serviço de transporte para garantir que as populações que vivem mais afastadas na cidade têm acesso à mobilidade.

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Bonificaçõ­es podem chegar a 40 mil utentes de transporte­s públicos fora de Porto e de Lisboa

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