Jornal de Notícias

Reunião agendada sem anúncio de cedências

Ministério enviou convocatór­ia para dia 11, correspond­endo a pedido dos sindicatos, mas reafirma proposta: dois anos, nove meses e 18 dias

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

GREVE Um dia após a entrega da carta por dez organizaçõ­es, o Ministério da Educação (ME) convocou ontem os sindicatos para nova reunião no dia 11. O encontro, que irá realizar-se dois dias antes de terminar o pré-aviso de greve, pode, no entanto, não resultar em tréguas. É que na missiva o ME reafirma que a proposta de recuperaçã­o de “dois anos, nove meses e 18 dias” – de um total de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço congelados e reivindica­dos pelos docentes – é “fundada nos princípios da justiça e equidade”. O encontro foi assim agendado sem anúncio de cedências de parte a parte.

No comunicado enviado às redações, a tutela reafirma que continua a aguardar novas propostas dos sindicatos e que enviou a convocatór­ia “como demonstraç­ão de boa-fé negocial”. Já o líder da Fenprof classifico­u a convocatór­ia de “mau sinal” por mostrar “inflexibil­idade” ao insistir na mesma proposta. “Parece-nos, pela convocatór­ia que recebemos, que o senhor ministro da Educação já pretende estabelece­r balizas sobre aquilo que quer discutir”, defendeu Nogueira, à saída de uma reunião no CDS-PP.

A greve dos professore­s prosseguiu ontem apenas com a realização dos conselhos de turma dos anos abrangidos pelos serviços mínimos: 9. o, 11. o e 12.o. A maioria das avaliações dos restantes anos, garantem ao JN os presidente­s das duas associaçõe­s de diretores, continuam por fazer.

À margem, a tensão entre professore­s e Governo já se joga nas negociaçõe­s do Orçamento para 2019: o primeiro-ministro afirmou que o Governo optou por investir em obras no IP3 em vez de “fazer evoluções nas carreiras ou vencimento­s”; a coordenado­ra do BE, Catarina Martins, avisou que não é “prudente” o PS “esperar que o PSD sirva de muleta”; António Costa respondeu não acreditar que “PEV, PCP e BE queiram pôr em causa” a geringonça.

FORÇADOS A SINALIZAR

Após garantias de dirigentes do Sindicato para Todos Os Professore­s (STOP) de que em algumas escolas não se realizaram reuniões abrangidas por serviços mínimos, os diretores receberam, anteontem à noite, um email da Direção-Geral dos Estabeleci­mentos Escolares (DGESTE) de que teriam de sinalizar os docentes infratores que podem ser alvo de processos disciplina­res. O tom do esclarecim­ento voltou a não cair bem nas salas de professore­s e de direções das escolas. “É mais um tijolo no muro cada vez maior”, lamenta Manuel Pereira, presidente da Associação de Dirigentes Escolares, que preferia que o ME lançasse “pontes” para as escolas.

 ??  ?? Mário Nogueira c0nsidera que o texto “inflexível” da convocatór­ia pode ser “um mau sinal”
Mário Nogueira c0nsidera que o texto “inflexível” da convocatór­ia pode ser “um mau sinal”

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