Reunião agendada sem anúncio de cedências
Ministério enviou convocatória para dia 11, correspondendo a pedido dos sindicatos, mas reafirma proposta: dois anos, nove meses e 18 dias
GREVE Um dia após a entrega da carta por dez organizações, o Ministério da Educação (ME) convocou ontem os sindicatos para nova reunião no dia 11. O encontro, que irá realizar-se dois dias antes de terminar o pré-aviso de greve, pode, no entanto, não resultar em tréguas. É que na missiva o ME reafirma que a proposta de recuperação de “dois anos, nove meses e 18 dias” – de um total de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço congelados e reivindicados pelos docentes – é “fundada nos princípios da justiça e equidade”. O encontro foi assim agendado sem anúncio de cedências de parte a parte.
No comunicado enviado às redações, a tutela reafirma que continua a aguardar novas propostas dos sindicatos e que enviou a convocatória “como demonstração de boa-fé negocial”. Já o líder da Fenprof classificou a convocatória de “mau sinal” por mostrar “inflexibilidade” ao insistir na mesma proposta. “Parece-nos, pela convocatória que recebemos, que o senhor ministro da Educação já pretende estabelecer balizas sobre aquilo que quer discutir”, defendeu Nogueira, à saída de uma reunião no CDS-PP.
A greve dos professores prosseguiu ontem apenas com a realização dos conselhos de turma dos anos abrangidos pelos serviços mínimos: 9. o, 11. o e 12.o. A maioria das avaliações dos restantes anos, garantem ao JN os presidentes das duas associações de diretores, continuam por fazer.
À margem, a tensão entre professores e Governo já se joga nas negociações do Orçamento para 2019: o primeiro-ministro afirmou que o Governo optou por investir em obras no IP3 em vez de “fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos”; a coordenadora do BE, Catarina Martins, avisou que não é “prudente” o PS “esperar que o PSD sirva de muleta”; António Costa respondeu não acreditar que “PEV, PCP e BE queiram pôr em causa” a geringonça.
FORÇADOS A SINALIZAR
Após garantias de dirigentes do Sindicato para Todos Os Professores (STOP) de que em algumas escolas não se realizaram reuniões abrangidas por serviços mínimos, os diretores receberam, anteontem à noite, um email da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) de que teriam de sinalizar os docentes infratores que podem ser alvo de processos disciplinares. O tom do esclarecimento voltou a não cair bem nas salas de professores e de direções das escolas. “É mais um tijolo no muro cada vez maior”, lamenta Manuel Pereira, presidente da Associação de Dirigentes Escolares, que preferia que o ME lançasse “pontes” para as escolas.