Jornal de Notícias

El Corte Inglés não desiste de loja na Rotunda da Boavista

Grupo espanhol tem estado em contacto com a Metro por causa do traçado da Linha Rosa que vai ligar a estação de São Bento à da Casa da Música e que passará no subsolo do terreno a que tem direito

- Alfredo Teixeira locais@jn.pt

PORTO O grupo espanhol El Corte Inglés não desiste de construir um grande armazém na Rotunda da Boavista, retomando um projeto com mais de 15 anos e que foi chumbado pela Câmara do Porto, na altura presidida por Rui Rio. O grupo espanhol só ainda não avançou com a decisão definitiva porque aguarda pelos resultados dos trabalhos de prospeção que estão a ser realizados no subsolo pela empresa da Metro do Porto. O objetivo dos espanhóis é beneficiar­em de uma estação de metro da Linha Rosa que começará a ser construída em janeiro de 2019.

O atual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, já considerou várias vezes que o chumbo de Rui Rio em 2002 foi um erro e afirma simpatizar com o projeto que poderá revitaliza­r uma zona que comercialm­ente estagnou e que há muito precisa de uma lufada de ar fresco. A Autarquia aguarda pelo contacto do grupo espanhol que, recorde-se, de momento está absorvido pela guerra familiar que opõe as irmãs Álvarez a Dimas Gimeno Álvarez. Conseguira­m retirar o primo da presidênci­a da empresa, decisão entretanto impugnada.

DIREITO POR 99 ANOS

Dimas foi formado pelo tio, o histórico presidente Isidoro Álvarez, para ocupar o cargo desde os seus tempos de estudante, mas herdou apenas a presidênci­a do grupo e não a maioria das ações que lhe dariam realmente poder. O poder das ações está nas mãos das suas primas.

Este impasse alarga-se a Portugal e, segundo fonte ligada ao processo que não quis identifica­r-se, está a afetar o projeto destinado para a Boavista. O JN contactou a empresa tendo a resposta sido de que, “a curto prazo, não se prevê a construção do novo armazém”. O grupo espanhol “continua interessad­o naquela localizaçã­o, mas não tem para já qualquer projeto”.

Na Câmara do Porto “não entrou nenhum pedido para licenciame­nto”. O vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, afirmou ao JN

que a Autarquia “sabe do interesse até porque nunca largaram o terreno”. Recorde-se que a empresa espanhola, em 2000, antes de inaugurar o seu primeiro centro comercial em Lisboa, negociou com a Refer o direito de superfície, por 99 anos, do terreno da antiga estação ferroviári­a da Boavista. A operação ficou dependente da aprovação camarária e a data limite para a abertura era 2013.

A Autarquia chumbou e o grupo espanhol soube salvaguard­ar o negócio com o contrato de direito de superfície celebrado com a Refer. O valor do negócio, entre os 20 e 25 milhões de euros, variava em função do momento da sua realização. O El Corte Inglés sinalizou a operação com 4,2 milhões e, nos termos do contrato, terá feito entregas adicionais até aos 10 milhões. No caso do centro comercial ser chumbado, a Refer devolveria o dinheiro recebido, sem ter de pagar juros. Este acordo inicial foi sendo renovado e a estratégia do grupo espanhol foi esperar pela retoma económica e pela mudança da política municipal.

O JN sabe que o El Corte Inglés tem contactado a empresa Metro do Porto no sentido de saber pormenores dos resultados dos estudos que a empresa portuense está a realizar no local. O facto dos futuros armazéns obrigarem à construção de pisos subterrâne­os para parque de estacionam­ento obriga a que se saiba onde a Linha Rosa do metro vai passar antes da empresa espanhola avançar com qualquer projeto arquitetón­ico.

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Os 38 mil metros quadrados de terreno junto à Rotunda da Boavista continuam vazios

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