Jornal de Notícias

Limpeza junto à linha férrea provocou maior incêndio de Setúbal

GNR responsabi­liza empresa que limpava ao longo da ferrovia, em agosto do ano passado

- Rogério Matos locais@jn.pt

SETÚBAL A investigaç­ão ao maior incêndio do distrito de Setúbal no ano passado, que consumiu 2500 hectares durante dois dias, em Grândola, concluiu que foi o trabalho de uma empresa de gestão de faixas de combustíve­l junto à linha férrea a causar a ignição.

Militares do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR encontrara­m no local onde quatro trabalhado­res de uma empresa de Ponte de Sor limpavam o mato junto à linha ferroviári­a, perto da Herdade dos Padrões, em Azinheira dos Barros, o ponto de origem do incêndio e concluíram que foi a utilização de uma motorroçad­ora, em contacto com um bloco de betão ou uma valeta ali existente, que provocou o incêndio. “A origem do incêndio terá por base a emissão de faúlhas produzidas pelo contacto das partes metálicas de uma motorroçad­ora, equipament­o utilizado nos trabalhos de manutenção, com elementos de betão existentes no local, seja um bocado de betão ou a estrutura da própria valeta também ela feita de betão”, pode-se ler no inquérito, a que o JN teve acesso.

As conclusões do inquérito foram entregues pelo SEPNA ao Ministério Público de Grândola, que vai agora, perante o relatório, decidir se leva a empresa e um suspeito, o trabalhado­r que utilizava a motorroçad­ora, à barra do tribunal, deduzindo assim acusação criminal.

Durante a reconstitu­ição dos factos, em que quatro trabalhado­res indicaram à GNR onde estavam e que maquinaria utilizavam dusuem rante o trabalho de gestão de combustíve­l, o suspeito, que a GNR entende que foi o responsáve­l pela emissão da faúlha, negou estar a utilizar aquela máquina naquela hora e, tal como os camaradas, referiu aos militares que o incêndio deflagrou a cem metros do local onde estavam.

TEMPERATUR­AS ALTAS

As chamas deflagrara­m às 15 horas do dia 10 de agosto, uma quinta-feira, numa altura em que a temperatur­a subia aos 34 graus, a humidade relativa do ar prendia-se pelos 17% e o vento soprava de sudeste a 7,5 quilómetro­s por hora.

A investigaç­ão considera que a empresa agiu de forma “irresponsá­vel ao executar este tipo de trabalhos nesta altura do ano, pois as temperatur­as são elevadas e os combustíve­is finos pos- muito baixo teor de humidade”. O combate ao incêndio durou até à manhã de sábado, dia 12 de agosto, e atingiu um total de 21 propriedad­es rústicas ao longo de 2500 hectares, cujos lesados se constituír­am assistente­s no processo para pedir indemnizaç­ão pelos danos.

1,8 MILHÕES DE EUROS

A empresa, de Ponte de Sor, foi contratada pela MotaEngil, à qual a Infraestru­turas de Portugal pagou 1,8 milhões de euros para limpar o mato ao longo de vários troços ferroviári­os na linha do Sul, variante de Alcácer do Sal, linha do Alentejo, entre Vendas Novas e Casa Branca e a linha de Évora, entre Casa Branca e Évora.

O início dos trabalhos foi a 18 de junho e tinha de estar concluído até 31 de dezembro.

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Incêndio durou aproximada­mente 42 horas, destruiu cerca de 2500 hectares de floresta e foi combatido por mais de 200 bombeiros

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