Terreiro do Paço
Para conhecer um país é preciso entender também o seu futebol. As diferenças nos oitavos
Se um sueco é diferente de um inglês e um colombiano diferente de um suíço, o futebol também não será igual para todos eles. A conclusão parece óbvia. Mas reparar nas diferenças não é assim tão fácil para quem está fora do jogo. O que vale é que no relvado da Arena Portugal, no Terreiro do Paço, em Lisboa, há especialistas a torto e a direito capazes de explicar o que torna uma bola, que é sempre redonda, distinta nos pés de quem a chuta.
O futebol inglês, por exemplo, é cheio de ritmo e imprevisível, conta Anthony Beelroft: “É sobretudo força e velocidade”. O jogo colombiano, por outro lado, “é emocional, criativo e agressivo”, explica Camilo Paeres. A seleção sueca joga quase sempre à defesa, diz Miro Beric e a equipa suíça também, “embora esteja agora mais ofensiva”, avisa David Muller. Está traçado o perfil do futebol dos quatros países que
ARENA PORTUGAL
ontem à tarde tentaram passar aos quartos de final do Mundial. Mas, vamos complicar um bocadinho para este jogo ganhar alguma piada. O interessante é saber é se essas diferenças são também o que distinguem um sueco de um inglês ou um colombiano de um suíço.
A resposta, desta vez, exige algum reflexão. “A imprensa inglesa diz que o nosso futebol é chato, mas eles não percebem o estilo sueco”, diz Miro, depois de alguma hesitação. Que estilo é esse? “Lagom!” Como? “A seleção joga à bola tal qual um sueco segue o estilo de vida lagom”, explica ele. Isto é, nem muito, nem pouco: “Só o necessário até encontrar a dose certa para uma vida tranquila, equilibrada e feliz”.
Até que não é assim tão disparatado, mas então se o futebol suíço também joga à defesa quer dizer que David Muller e os seus compatriotas também são adeptos do lagom? Não propriamente. Os suíços, no dia a dia, não se dão bem com grandes confusões: “Gostam tudo limpo e organizado” ao ponto de à entrada das casas haver sempre um “armário para deixar os sapatos”, conta ele, soltando uma gargalhada.
Isto começa a fazer sentido, mas será que com os colombianos uma coisa também está ligada à outra? Quase não dá para perceber as diferenças, assegura Camilo. “Gostamos de improvisar, usando a espontaneidade para dar adrenalina à vida e ao jogo.” E, portanto, da próxima vez que duas equipas se defrontarem neste Mundial, sabemos que não é só futebol que se joga. É um modo de vida que está em campo.