Triste sina
Bruxelas elegeu a Linha do Douro como exemplo de potencial económico desaproveitado, mas o Governo está mais interessado em obter fundos comunitários para reabilitar a ligação Aveiro-Vilar Formoso, defendendo que este último traçado teria maior influência no desenvolvimento regional luso-espanhol tendo por base o porto de mar da cidade das barricas de ovos-moles.
Lê-se e ficamos espantados: em Portugal, fizeram-se vultuosos investimento no setor rodoviário enquanto se deixava apodrecer a infraestrutura ferroviária; agora, Bruxelas está na disposição de abrir cordões à bolsa para ajudar à reabilitação da Linha do Douro até Salamanca mas, do lado de cá da fronteira, há outras prioridades. Sabendo, como nós sabemos, o quanto os sucessivos governos e as sucessivas administrações da CP deixaram que a degradação atingisse o setor, o mais certo é que os comboios em Portugal – à exceção dos Alfas, já se vê – deixem de ter existência a curto prazo. Andamos a alugar locomotivas à Renfe; a Linha do Oeste prima pala supressão de comboios; a Linha do Douro já deixou há muito de ir até Barca d’Alva e fica-se pelo Pocinho – e às vezes só até à Régua; prometem-se obras e mais obras para melhorar o traçado e depois nada feito... Aqui há tempos, foi até divulgado um parecer técnico que advogava o fecho da Linha do Douro para que a renovação de uma parte do seu traçado fosse mais célere. Isso, deixem-na fechar que o mais certo é nunca mais assistirmos à sua reabertura...
Em 1971, fui a Madrid pela Linha do Douro. Em Salamanca, troquei de comboio e cheguei a Madrid a meio da tarde. Hoje? Nem pensar. Triste sina...