ROBÔS INVADEM AS ESCOLAS
Projeto Kids Media Lab nasceu na Universidade do Minho e já chegou a sete mil alunos
As caras de espanto não escondem a surpresa. É que o aparelho que têm à frente dá saltos e rodopia sozinho no ar. Os alunos do 1.o, 2.o e 3.o ciclos do Estabelecimento de Ensino Santa Joana (EESJ), em Aveiro, estão a dar os primeiros passos na programação e na robótica. E o entusiasmo é tanto que até chegam mais cedo às aulas, quando sabem que vão lidar com os robôs. Mas não são os únicos. A nível nacional, através do projeto de robóti- ca do Ministério da Educação, de iniciativas de escolas privadas ou de outros programas, como o Kid Media Lab, no ano letivo passado 64 682 alunos tiveram contacto com esse ramo. Não se trata de formar “miniprogramadores”, garantem os professores, mas sim de “aprender quase a brincar”. E as câmaras estão a apostar nessa ferramenta.
“Quando disseram que ia ter robótica, pensei que íamos construir coisas”, recorda Joana Mendes, de 11 anos. E a colega Ana André diz de sua justiça: “Está a ser divertido e estamos a aprender muitas coisas”.
Joana e Ana são alunas do 6.o ano do EESJ, uma escola privada onde anda também Simão Oliveira, da mesma idade, que diz já ter começado a “aprender a mandar os robôs fazer quadrados e andar para a frente e para trás”. Mas Ricardo Carvalho, professor de Informática, sublinha: “Não estamos a formar programadores, mas a preparar aos alunos o pensamento crítico e ensiná-los a resolver problemas”.
OUTRAS FERRAMENTAS
Naquela escola, este ano, há um novo projeto educativo, do 1.o ao 9.o ano, que aposta na programação e na robótica, de forma interdisciplinar. “Achámos que devíamos traçar um caminho mais motivador. Não deixamos o papel e a caneta, mas devemos fornecer aos alunos outras ferramentas, para que possam abranger outros horizontes”, explica Cláudia Lopes, diretora pedagógica.
A formação aos professores foi dada pela equipa de Maribel Miranda Pinto (ler ao lado), mentora do projeto Kids Media Lab, que, em 2015, começou a levar a robótica às crianças do Pré-Escolar em escolas públicas e privadas de Aveiro, Braga, Coimbra, Porto e Viseu, Vila Real e a Lisboa. No total, já formou 300 educadoras de infância e chegou a 7000 alunos. Projetos como o do EESJ, com tantos graus de ensino abrangidos pela robótica, ainda são casos pontuais. O que existe há alguns anos, principalmente para alunos do 3.o Ciclo e Secundária, são clubes de robótica nas escolas. Mas o Kids Media Lab tem trabalhado em parceria com muitas autarquias, que pretendem incluir a robótica no Pré-Escolar e no 1.o Ciclo.
O caso de Albergaria-a-Velha é um deles. A Câmara comprou 17 robôs, para os 300 alunos do Pré-Escolar do concelho.