Jornal de Notícias

Monumento nacional fica sem restauro de pinturas

Obra de recuperaçã­o da igreja de Serzedelo ainda está em fase de projeto e não vai recuperar frescos

- Delfim Machado locais@jn.pt

As pinturas a fresco dos murais da igreja de Serzedelo, em Guimarães, um dos mais importante­s monumentos nacionais do Norte do país, estão a desaparece­r e não há perspetiva de que sejam restaurada­s num futuro próximo.

Recentemen­te, os deputados do Bloco de Esquerda na Assembleia da República denunciara­m “o avançado estado de degradação” das pinturas a fresco, em pergunta ao Ministério da Cultura. O presidente da Junta de Freguesia de Serzedelo, Cristiano Ferreira, também alerta para a importânci­a de restaurar os frescos “de forma a que se recupere o que ainda existe porque já está a ficar cada vez mais degradado”.

No interior da igreja, são visíveis os sinais das infiltraçõ­es e da degradação nas pinturas causadas pela humidade. Quase todos os murais da nave principal e da sacristia já perderam mais de metade da pintura e poucos são os casos em que é possível reconhecer o que alguma vez ali foi pintado a argamassa no granito.

A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) tem em curso um projeto de conservaçã­o e reforço estrutural da igreja para resolver as infiltraçõ­es e outros problemas estruturai­s, mas este “não prevê o restauro de qualquer património integrado, pelo que os frescos não estão contemplad­os”, informou ao JN a Câmara de Guimarães, parceira na obra.

NÃO É NECESSÁRIO

Aquando do estudo para a obra da infraestru­tura da igreja, as pinturas a fresco foram alvo de diagnóstic­o “por parte de técnicos especializ­ados da Direção Regional de Cultura do Norte, que não considerar­am este restauro como uma necessidad­e”, informa ainda o Município.

A Direção Regional de Cultura do Norte adianta que só depois de concluída a obra de construção civil “ficarão criadas as condições ambientais necessária­s para o restauro dos frescos”.

Fica, assim, por definir uma data concreta para o restauro das pinturas. Tendo em conta que obra no edifício já leva quase quatro anos só para que se conclua o projeto anunciado em 2016, as perspetiva­s não são as melhores.

Atualmente, a obra ainda está em fase de projeto. A Câmara Municipal de Guimarães diz que “será levada a concurso logo que obtenha todas as condições pela parte da Direção Regional de Cultura do Norte”.

Já a Direção Regional de Cultura do Norte diz que o projeto “encontra-se em fase final de elaboração, tendo já sido enviada, uma proposta inicial, à Câmara”.

A obra da infraestru­tura tem um custo estimado de 120 mil euros, a suportar pela Fundação Iberdrola (40 mil) e pela Câmara Municipal de Guimarães (80 mil euros).

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Presidente da Junta lamenta perda de importante parte da história da igreja

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