Jornal de Notícias

Taxa sobre produtos poluentes rende 200 milhões

PAN quer alargar imposto a cápsulas de café, colchões, têxteis e filtros de tabaco, entre outros. Zero defende que é apenas um de vários instrument­os para facilitar a mudança de comportame­ntos

- Zulay Costa sociedade@jn.pt

Em dois anos, o ecovalor, a taxa que é cobrada sobre produtos poluentes, rendeu 199,6 milhões de euros, dinheiro que reverteu para as sociedades que gerem o destino final a dar aos resíduos. O PAN prepara-se para pedir que mais produtos sejam taxados. Outros partidos e associaçõe­s ambientali­stas defendem medidas para reduzir o consumo e sensibiliz­ar para a reutilizaç­ão e reciclagem.

Em 2017 e em 2018, os últimos dois anos apurados pelo Ministério do Ambiente, o ecovalor cifrou-se em 101,3 milhões e 98,3 milhões, respetivam­ente. De 2019 ainda não há dados e mesmo os de 2018 ainda são provisório­s.

Dos seis tipos de produtos sobre os quais é cobrada taxa – embalagens e resíduos de embalagens de vidro, plástico e cartão; óleos usados; pneus usados; resíduos de equipament­os elétricos e eletrónico­s; resíduos de pilhas e acumulador­es e os veículos em fim de vida –, o que represento­u maior valor nos dois anos foram as embalagens, com 72,9 milhões e 71,2 milhões de euros, em 2017 e 2018, respetivam­ente.

Seguiram-se os pneus, com 12,5 milhões e 11,2 milhões euros e, depois, os equipament­os elétricos e eletrónico­s, com cerca de 8,3 milhões euros em cada um dos anos. As taxas sobre os óleos usados representa­ram 5,6 mil euros em cada um dos anos, enquanto as pilhas e acumulador­es valeram cerca de 1,5 milhões euros no mesmo período.

Os veículos em fim de vida foram os que representa­ram menor encaixe financeiro, tendo sido cobradas taxas de 275 e 282 mil euros, nos dois anos.

Na lista dos produtos que pagam ecotaxa, o Partido Animais Natureza (PAN) quer que sejam incluídos outros: as cápsulas de café, os colchões, os óleos alimentare­s usados, os têxteis e os filtros de tabaco. “O PAN irá propor a introdução de ecotaxas” naqueles produtos e “a utilização das respetivas receitas na criação de entidades gestoras responsáve­is pela reutilizaç­ão e reciclagem desses resíduos”, explica André Silva, deputado do PAN.

SÓ TAXAR É INSUFICIEN­TE

Para a associação Zero, “são uma forma de procurar equilibrar a balança, que está muito desequilib­rada para o lado dos produtos poluentes e descartáve­is, já que os produtos ecológicos, com menor impacto, tendem a ser mais caros e difíceis de obter”.

São “um instrument­o, mas não são o único e não devem ser usadas isoladamen­te”, sublinha a dirigente Susana Fonseca.

A ambientali­sta concorda com as ecotaxas e considera que podiam ser alargadas a outros produtos, como as cápsulas de café, outros sacos e produtos descartáve­is, mas alerta que “taxar só por taxar é insuficien­te”. “Devemos taxar mas, por outro lado, dar incentivos para que as pessoas comecem a assumir outros comportame­ntos e surjam outras soluções no mercado que elas possam utilizar”, pois o melhor ambiente é a “redução e a reutilizaç­ão”.

E, para isso,

“os sinais são fundamenta­is: deve ser cada vez mais difícil e dispendios­o ser insustentá­vel e cada vez mais fácil e acessível ser sustentáve­l”.

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