Deputados do PS querem reabertura da Linha do Tâmega
Troço entre Livração e Amarante foi fechado em 2009. Obras podem contar com dinheiro de Bruxelas e a via passaria a ter bitola ibérica
Os deputados do PS eleitos pelo círculo do Porto querem que a Linha do Tâmega volte a ter comboios. O desafio foi lançado ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, durante a audição parlamentar sobre o Orçamento do Estado. Um estudo da IP, com três anos, reforça o ganho em acessibilidade e mobilidade com o regresso da ligação ferroviária entre Livração (Marco de Canaveses) e a estação de Amarante, como existia até março de 2009.
“No contexto dos novos investimentos na ferrovia e do aumento da procura pelos transportes públicos, por causa dos novos passes, temos aqui uma oportunidade para retomar um troço com 10 quilómetros”, refere ao JN/Dinheiro Vivo o deputado Hugo Carvalho, que confrontou Nuno Santos.
O presidente da Câmara de Amarante, José Luís Gaspar, destaca as vantagens de o concelho vir a ter uma ligação ferroviária direta para o Porto. “Temos 56 mil habitantes. O comboio tem de chegar onde há pessoas”.
O autarca assinala também que uma ligação ferroviária “dá certeza nas deslocações das pessoas do trabalho e pode reduzir os problemas de trânsito diários, sobretudo na ligação entre a A3 e a A4”.
Colocar os carris de novo entre Livração e Amarante implica um investimento de 37,5 milhões de euros, segundo a Infraestruturas de Portugal (IP).
O troço passaria a ter bitola ibérica (em vez da antiga via estreia), pode vir a ser eletrificado e ainda ganhar novas estações em Vila Caíz e em Amarante.
“Face ao volume de movimentos pendular Amarante-Porto-Amarante e tendo em conta os movimentos dentro do próprio concelho entre Vila Meã e Amarante, o troço [...] poderá traduzir-se num importante ganho de acessibilidade e mobilidade”, escreveu a IP num estudo apresentado em fevereiro de 2017.
A Linha do Tâmega, deste modo, pode ligar diretamente, através do comboio suburbano, os residentes em Amarante à cidade do Porto, acrescenta Hugo Carvalho.
FECHO EM 2009
Inaugurado em 1909, o troço da Linha do Tâmega deixou de funcionar em 2009, por decisão da então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.
“O encerramento era inevitável, não existia alternativa. Quem decidisse em contrário estaria a incorrer em incúria e eventual crime”, argumenta a agora deputada do PS. Ana Paula Vitorino, no entanto, recusa-se a comentar as declarações do colega do partido e a avaliar o que deve ser o futuro da linha do Tâmega. Apenas adianta que “a urgência climática em que o planeta se encontra e a gestão sustentável do território aconselham uma aposta forte nos transportes coletivos, principalmente no modo ferroviário”.
O JN/DV sabe, contudo, que a deputada subscreveu um documento do PS a pedir um estudo de viabilidade para esta ligação ferroviária.
José Luís Gaspar
Presidente da CM de Amarante “Amarante tem 56 mil habitantes. O comboio tem de chegar onde há pessoas” Hugo Carvalho
Deputado do PS “No contexto dos novos investimentos, temos aqui uma oportunidade” Ana Paula Vitorino
Deputada do PS e ex-sec. de Est. “O encerramento era inevitável. O contrário seria um eventual crime”