Conduta de Trump é o “pior pesadelo” dos fundadores do país
Documento dos democratas no âmbito do processo de destituição do presidente realça que o chefe de Estado “traiu a confiança pública”
Os democratas da Câmara dos Representantes afirmam que o presidente norte-americano, Donald Trump, “abandonou o juramento de executar fielmente as leis e traiu a confiança pública”, num documento no âmbito do processo de destituição do chefe de Estado, cujo julgamento político começa no Senado amanhã. A conduta do republicano é o “pior pesadelo” dos fundadores do país.
O documento foi divulgado depois de a equipa jurídica de Trump ter enviado ao Senado uma resposta à sua convocação para o processo de destituição, na qual se considera que os dois artigos do “impeachment” aprovados são um “ataque perigoso ao direito do povo norte-americano a escolher livremente o seu presidente”.
Trump é acusado de ter pressionado o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para investigar a atividade do filho do seu adversário político Joe Biden junto de uma empresa ucraniana envolvida num caso de corrupção, num gesto que a Câmara dos Representantes diz constituir um ato de abuso de poder, bem como de ter tentado obstruir a averiguação destes factos por parte do Congresso.
No entanto, será preciso uma maioria de dois terços dos votos para levar à remoção de Trump do cargo de presidente, cenário improvável perante o controlo dos republicanos na câmara alta do Congresso.
MULHERES PELO “IMPEACHMENT”
Entretanto, a quarta edição da “Marcha das Mulheres”, em Los Angeles, serviu também para milhares de pessoas pedirem a destituição de Trump, bem como para apelar ao fim da violência sexual e à proteção dos direitos femininos.
Num palco montado à frente da autarquia de Los Angeles, a congressista Maxine Waters garantiu que os democratas vão “lutar com tudo” para remover o presidente através do processo de destituição que está a decorrer.
No meio da multidão, que empunhava cartazes onde se podia ler “A traição não é uma política externa”, “Impeach & Remove” e “Pussy Power”, estava o balão gigante que representa o presidente dos Estados Unidos como um bebé. Muitos manifestantes, incluindo homens, usaram a carapuça cor de rosa, que se tornou símbolo da resistência à atual Casa Branca.
Numa iniciativa em que a paridade salarial entre homens e mulheres foi abordada pelo atual “mayor” da cidade, Eric Garcetti, a atriz Mira Sorvino protagonizou um dos momentos mais incisivos
do dia de protesto. “Os predadores que gozaram de imunidade e poder para magoar e destruir as oportunidades de as pessoas trabalharem em ambientes seguros e justos estão a ser, historicamente, levados à Justiça”, declarou.
“Por causa da bravura de centenas de mulheres, homens e crianças que disseram a verdade, os Harvey Weinsteins, Jeffrey Epsteins, Bill Cosbys e R. Kellys estão finalmente a perceber que nós, como sociedade, deixámos de tolerar a sua predação, não importa quão populares sejam.” Sorvino foi uma das atrizes que acusaram o produtor Harvey Weinstein de assédio sexual, pelo que está a ser julgado por violação.
A atriz Rosanna Arquette já tinha lembrado que passaram dois anos desde que o movimento Me Too abalou poderosos em Hollywood e em outras indústrias.