Isabel dos Santos acusada de desviar 115 milhões
Ana Gomes aponta conivência do Banco de Portugal com esquemas fraudulentos
Uma investigação do consórcio internacional de jornalistas revelou segredos da ascensão de Isabel dos Santos, designadamente que a empresária angolana terá desviado da petrolífera Sonangol 115 milhões de dólares para uma conta no Dubai. A plataforma garante ter provas de operações financeiras pouco claras e do envolvimento de portugueses. Isabel dos Santos garantiu no Twitter que é tudo mentira.
Os 715 mil ficheiros – batizados como “Luanda Leaks” – traçam o percurso de Isabel dos Santos de 1980 a 2019 e foram fornecidos ao consórcio (que integra 37 órgãos de comunicação social, incluindo a Sic-Expresso) pela PPLAAF, uma plataforma de proteção de denunciantes em África, com sede em Paris.
A transferência de 115 milhões de dólares da Sonangol para o Dubai foi justificada com o pagamento de serviços de consultoria para uma offshore (Matter Business Solutions) dirigida por pessoas próximas de Isabel dos Santos, como os portugueses Jorge Brito Pereira e Paula Oliveira.
Os documentos revelam
“Hoje com tristeza continuo a ver o racismo e preconceito da Sic-Expresso fazendo recordar
a era das colónias”.
Isabel dos Santos Empresária
que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol, no Eurobic Lisboa (banco de que Isabel dos Santos é principal acionista) foi esvaziada para saldo negativo após a demissão da empresária.
“715 mil documentos lidos? Quem acredita nisso?”, escreveu, no Twitter, Isabel dos Santos, que garante que os documentos são “falsos” e que está a ser alvo de “um ataque político” coordenado pelo governo angolano.
Já Ana Gomes acusou Banco de Portugal, Comissão do Mercado de valores Mobiliários (CMVM) e Procuradoria-Geral da República de serem “coniventes” com esquemas alegadamente fraudulentos, permitindo a transformação de Portugal numa “lavandaria da criminalidade que rouba Angola”.