Jornal de Notícias

Autarcas do PS resistem a apoiar pedido de adiamento

Pedido para adiar descentral­ização a enviar a António Costa tem 28 subscritor­es. Matosinhos diz que Governo abriu “canais de diálogo” e que, por isso, documento se torna “desnecessá­rio”

- João Vasconcelo­s e Sousa sociedade@jn.pt

Seis dos presidente­s de câmaras municipais que estiveram representa­das na conferênci­a “Os Caminhos da Descentral­ização”, organizada pelo JN no Teatro Rivoli, já não vão subscrever a “Declaração do Rivoli” , a enviar ao primeiro-ministro e que tem a assinatura de 28 autarcas.

O documento proposto por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, que exige a suspensão da universali­zação das competênci­as transferid­as pelo Estado em 2021, não tem o apoio dos autarcas de Matosinhos, Gondomar, Caminha, Baião, Lousada e Lagoa, todos do PS. Alguns admitem continuar a ter dúvidas sobre o processo; outros que nunca subscrever­am esta posição. Todos os que o JN ouviu negam que estejam a recuar.

Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos – que subiu ao palco quando a Declaração foi aclamada por todos os presentes, e que posteriorm­ente viu aprovada, por unanimidad­e, pelo Executivo camarário, o apoio ao documento – afinal decidiu não o assinar. Fonte oficial da Autarquia justifica que foram entretanto “abertos canais de diálogo com o Governo que permitem encontrar soluções para os problemas”, pelo que “a declaração se torna desnecessá­ria”. E considerou que isso é “um avanço e não um recuo”, recusando que esta decisão tenha tido interferên­cias partidária­s.

“PARECIA HAVER APOIO”

Já Miguel Alves, presidente da Câmara de Caminha e do Conselho Regional do Norte, lembra que, durante a conferênci­a, deixou claro não ser a favor da suspensão. “Quando fui para o debate não fazia a mínima ideia de que dali iria sair uma declaração global. Fui surpreendi­do no momento em que Rui Moreira a propôs, na última intervençã­o”. Reconhece que “a observação feita pelos jornalista­s é perfeitame­nte razoável”: “parecia haver, se não uma unanimidad­e, pelo menos um apoio substantiv­o à declaração”. Contudo, diz ter falado com autarcas presentes que lhe disseram concordar com a sua visão: uns não interviera­m durante a conferênci­a, outros podem não ter sido “bem interpreta­dos”.

Marco Martins, presidente de Gondomar, diz que não estava presente na aprovação da Declaração, apesar de “concordar parcialmen­te com algumas das conclusões” do texto. É crítico do prazo atual para a transferên­cia de competênci­as – e até defendeu ao JN que fosse alargado até 2023 –, mas quer “aceitar a descentral­ização”, embora haja questões “a ser mais bem negociadas”.

Paulo Pereira não esteve na conferênci­a (a Câmara foi representa­da pelo vice-presidente) e diz que “em nenhum momento” se mostrou recetivo a assinar. “Regionalis­ta convicto”, recusa o adiamento: “Pegámos nisto há um ano e, portanto, estamos bem preparados”. Pedro Machado, autarca de Lousada, também está tranquilo. “Se soubesse que era uma conferênci­a contra a descentral­ização, nem teria ido”.

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Declaração proposta por Rui Moreira foi aprovada por aclamação, mas nem todos querem ficar agora na fotografia

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