Jornal de Notícias

Salário sobe 4% na construção e fica perto dos mil euros

Falta de mão de obra qualificad­a inflaciona vencimento. Maior aumento percentual é dos motoristas de pesados

- Ilídia Pinto ilidia.pinto@dinheirovi­vo.pt

O salário médio na construção, em julho, subiu para 974,7€, um aumento de 4% em relação ao período homólogo, que represento­u mais 37,6€ por mês, segundo o Inquérito aos Salários, do Gabinete de Estratégia e Planeament­o do Ministério do Trabalho.

Em termos de profissões, foram os motoristas de veículos pesados os que mais viram o seu rendimento crescer, em termos percentuai­s, com um aumento homólogo de 7,8%. Ganham, em média, 931,1€ por mês, mais 67,6€ do que em julho de 2018. Aumentos que traduzem a escassez de mão de obra no setor, já que se estima que haja 70 mil operários em falta para satisfazer as necessidad­es.

ENGENHEIRO­S NO TOPO

O Inquérito em causa mostra que, em média, um trabalhado­r da construção aufere 5,6€, por hora, valor que traduz um aumento de vinte cêntimos por hora, face ao vencimento um ano antes.

A duração normal do trabalho semanal no setor foi de 40 horas, com a exceção para os engenheiro­s civis, que registaram um média semanal de trabalho “ligeiramen­te inferior”, de 39,7 horas.

Os engenheiro­s são a profissão mais bem paga na construção, com um salário médio que era, em julho, de 1897,40€. Mas são, também, aqueles que mais aumentados foram em termos absolutos, com um acréscimo mensal de 97,40€ no espaço de um ano. Seguem-se os encarregad­os de construção, com 1294,60€ por mês, mais 47,60€ do que no ano anterior.

Sindicato

O presidente do Sindicato da Construção, Albano Ribeiro, alerta que “há muitos operários que preferem trabalhar como biscateiro­s do que numa empresa. Tiram 1500€ por mês e até mais. Esquecem-se é que vão pagar isso mais tarde, quando se quiserem reformar ou tiverem um acidente, porque nem seguro têm”.

Empresário­s

Já os empresário­s lembram que “não há nenhum trabalhado­r na construção que ganhe o que consta das tabelas do Contrato Coletivo” e que é natural que se assista a um aumento do salário médio, devido à falta de oferta, “mesmo a pagar”, frisa fonte de uma construtor­a.

Mas há quem esteja a pedir um encarregad­o de construção para Lisboa, no site do Instituto do Emprego e Formação Profission­al (IEFP), e se disponha a pagar-lhe o salário mínimo nacional. Ou seja, o mesmo que ganha qualquer trabalhado­r não qualificad­o. E mesmo para esses há quem se disponha a pagar 700 e 800€ por mês – há vários anúncios assim no IEFP – para conseguir contratar. Os pedreiros e os trabalhado­res não qualificad­os representa­m 38,2% do total dos operários do setor.

Os dados do Inquérito não surpreende­m o Sindicato da Construção, que lembra que as empresas têm vindo a pagar mais “para segurarem os bons profission­ais que têm”. Albano Ribeiro, presidente do Sindicato, lamenta é a “desregulaç­ão” e o aumento do trabalho clandestin­o na construção.

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Estima-se faltarem 70 mil operários na construção

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