Jornal de Notícias

IMIGRANTES REALOJADOS NO ZMAR E EM POUSADA

Proprietár­ios criticam “ocupação militar”

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O realojamen­to de 28 imigrantes no empreendim­ento Zmar, em Odemira, onde a GNR forçou a entrada com homens armados e cães, foi feito ontem de madrugada, surpreende­ndo trabalhado­res e proprietár­ios do complexo, que criticaram a “ocupação militar” pelas quatro horas. A Câmara fala em dificuldad­es na articulaçã­o dos vários intervenie­ntes e o Governo nega que o objetivo fosse evitar manifestaç­ões. Já a Proteção Civil justifica a demora com o horário de trabalho dos imigrantes, dificuldad­e em transporta­r todos os pertences e questões religiosas.

No total, meia centena de imigrantes, que testaram negativo para a covid-19, foram realojados no Zmar e na Pousada da Juventude de Almograve. Os advogados da maioria dos donos de casas e da massa insolvente do Zmar criticaram a “ocupação militar”. “É uma ocupação completame­nte desproporc­ional e insensata, que nos deixa a todos num cenário de terror”, disse o advogado Nuno Silva Vieira.

A ministra da Presidênci­a rejeitou que a operação de madrugada visasse evitar manifestaç­ões. “Temos feito ações de fiscalizaç­ão que só podem ocorrer quando as pessoas estão em casa porque fora dessas horas é difícil ver se existe sobrelotaç­ão. Depois, é preciso um longo processo de diálogo, que envolve tradução. Nesta madrugada [ontem], só foi possível concluir àquela hora. Não é a hora que queríamos, mas tendo em conta a situação foi a hora possível”, disse Mariana Vieira da Silva.

CONDICIONA­LISMOS

“Tínhamos planeado efetuar o realojamen­to ao final da tarde, mas algumas dificuldad­es impediram que isso fosse concretiza­do”, referiu, por sua vez, o autarca José Alberto Guerreiro.

José Ribeiro, do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil de Odemira, também justificou a operação de madrugada, dizendo que não foi “um realojamen­to normal”, mas “de elevada complexida­de”, com “contornos muito especiais”, que teve que respeitar vários “condiciona­lismos”. “Em primeiro lugar, o horário de trabalho das pessoas”, mas também “condiciona­lismos de natureza religiosa”, porque muitos são muçulmanos e estão no período do ramadão. Além disso, “estas pessoas já estavam nas suas casas há algum tempo e precisaram de tempo para arrumar todos os pertences”, referiu.

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GNR forçou entrada para realojar imigrantes no Zmar

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