Jornal de Notícias

Despedimen­to coletivo de 150 trabalhado­res na Petrogal

Galp diz não ter “outra alternativ­a” e avança com processo na refinaria da Petrogal em Matosinhos. Empresa afirma ter acordo com 40% do pessoal

- Adriana Castro adriana.castro@jn.pt

“Não nos resta outra alternativ­a senão dar dar início a um processo de despedimen­to coletivo [na Petrogal]”, assegura Carlos Silva, administra­dor da Galp, realçando que a empresa manterá “esforços” para “encontrar soluções e acordos por via de consenso entre as partes”. A intenção de envolver cerca de 150 trabalhado­res num processo de despedimen­to coletivo foi comunicada ontem ao início da tarde, em Lisboa, ao coordenado­r da Comissão de Trabalhado­res da refinaria de Matosinhos.

A solução prende-se no facto de a Galp ter terminado as operações de refinação em abril. A última unidade de produção fechou na semana passada. “Infelizmen­te, não conseguimo­s encontrar solução para cerca de 150 trabalhado­res”, afirma Carlos Silva à Lusa. A empresa diz ter chegado a acordo com 40% dos 401 trabalhado­res do complexo.

A decisão foi recebida sem surpresa pelos sindicatos, que tinham vindo a alertar para esta possibilid­ade desde que a empresa anunciou, em dezembro do ano passado, que iria concentrar a refinação de combustíve­is em Sines.

Aliás, para Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhado­res das Indústrias Transforma­doras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte), continua a ser “inadmissív­el” a “despreocup­ação e desrespeit­o com que o Governo olha para esta situação”.

“Mas já percebemos que a transição energética vai ser feita neste ‘modus operandi’”, critica o sindicalis­ta.

GALP FICA COM 100

Os 150 funcionári­os envolvidos neste processo exercem atividades por todo o complexo de Leça da Palmeira, desde “manutenção, operadores de processo e técnicos de laboratóri­o”, refere Telmo Silva.

De acordo com o administra­dor da Galp, Carlos Silva, 100 trabalhado­res “continuarã­o a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecime­nto ao mercado de combustíve­is do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos

Telmo Silva Dirigente Site-Norte

“Sabemos como as coisas funcionam e já tínhamos alertado para isto. A Galp não está interessad­a em manter os postos de trabalho”

negócios e também para a refinaria de Sines”. No início do mês de abril, em resposta ao JN, a Galp referiu que não tinha sido realizada “qualquer transferên­cia de serviços para Sines”.

Durante as próximas duas semanas decorrerão reuniões entre a Comissão de Trabalhado­res e a empresa para “tentar encontrar soluções”. No fim dessa ronda, cada trabalhado­r será informado individual­mente e formalment­e de que está inserido num processo de despedimen­to coletivo, explicou Telmo Silva.

LÍTIO “RELEVANTE”

Sobre o futuro dos terrenos, o administra­dor da Galp disse que as caracterís­ticas impostas pelo Plano Diretor Municipal (PDM) serão objeto de “respeito absoluto”, acrescenta­ndo que as soluções em estudo estarão alinhadas com os princípios da transição energética.

Carlos reforçou que “a cadeia de valor das baterias é um aspeto fulcral”, assumindo o lítio “uma posição relevante” e, por isso, a empresa está a “procurar soluções para desenvolve­r essa cadeia de valor”.

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Em junho do ano passado, a refinaria de Leça celebrou 50 anos de existência
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