Providência cautelar para travar obra na Granja
Grupo de cidadãos de Gaia defende túnel para atravessar linha férrea junto à estação e não a passagem superior decidida pela IP. Haverá ação judicial
O atravessamento pedonal da linha férrea frente à estação da Granja, em Gaia, vai ser substituído por uma passagem superior, com escadas e elevadores, mas esta decisão da Infraestruturas de Portugal (IP) não agrada à população local, que defende a criação de um túnel. O grupo Praia da Granja, Cidadãos lançou uma petição online, dirigida ao presidente da Câmara de Gaia, e prepara-se para interpor uma providência cautelar para travar a obra.
Ao JN, a IP diz que “a construção de rampas não se revela viável” e o autarca Eduardo Vítor Rodrigues concorda com a solução, que será similar “à existente na estação de General Torres”. Mas o grupo de cidadãos, além de alegar que a nova travessia vai “separar a povoação”, fala em “obstáculo [10 metros acima do solo]” e em “intrusão arquitetónica”. É destacado o “brutal impacto visual sobre edifícios de elevado valor patrimonial, como a estação e a Assembleia da Granja”. Também é assinalado que “não promove a mobilidade suave [pedonal e de bicicleta]”. Em causa estão os elevadores que “não podem ser vistos como alternativa, porque, se por um lado exigem uma elevada manutenção, quase sempre descurada, levando à sua inutilização futura, por outro, um elevador não é capaz de responder em horas de ponta aos passageiros e residentes com mobilidade reduzida, situação agravada pelas questões sanitárias que obrigam à utilização de uma pessoa por elevador”.
RAZÕES DE SEGURANÇA
Entendimento diferente tem a IP. Destaca as “vantagens do ponto de vista de salubridade e de segurança dos utentes, que terão uma visão abrangente e poderão ser vistos do exterior, quer se encontrem na zona das escadas, no tabuleiro ou no elevador, uma vez que estes serão revestidos com vidro numa das suas faces, o que permite que haja um contacto visual entre o interior e o exterior”.
É reforçado que a “construção de rampas no local não se revela viável, uma vez que no interior do domínio público ferroviário não existe espaço disponível”. A IP explica que “o desnível entre a passagem superior pedonal e a cota dos cais é de cerca de 6,30 metros, enquanto que, no caso de uma passagem inferior, essa diferença será de cerca de 5,70 metros, pelo que a alternativa proposta não apresenta vantagens significativas quanto a este aspeto”, ao contrário do defendido pelo grupo de cidadãos, que fala num “desnível significativamente inferior”, no caso de um túnel.
Eduardo Vítor Rodrigues admite que esteticamente a solução não seja a mais favorável, mas realça as razões de segurança, sem esquecer a questão das árvores. A ser construída uma passagem inferior, “algumas teriam que ser abatidas”.