Homenagem sentida nas Caxinas: “O Festas é insubstituível”
Maior comunidade piscatória do país, em Vila do Conde, parou para dizer adeus ao “lutador” e que fez história em defesa dos homens do mar
“Um homem bom”, “um lutador”, a “voz dos pescadores”, “o líder” e, sobretudo, aquele que “estava sempre lá”. José Festas foi a enterrar ontem e, nas Caxinas, Vila do Conde, a maior comunidade piscatória do país parou para o adeus ao “mestre”. Partidos, câmaras, Governo e as mais altas entidades militares marcaram presença no funeral de um homem “que fez história” na pesca e no socorro no mar. Em frente à igreja, à passagem do cortejo fúnebre, os barcos viraram-se para terra e buzinaram bem alto, numa última homenagem ao homem a quem tanto devem.
“Sacrificava-se, sacrificava a própria família, mas estava sempre presente em todas as situações que aconteciam no mar. Conseguiu coisas inimagináveis ao nível da segurança a bordo das embarcações”, atirava José Dinis, à entrada da igreja. O mestre do “Zé da Marinha” lembra o “amigo” que “tinha o coração na boca” e “dizia o que lhe ia na alma”. A igreja encheu-se de gente, as lojas fecharam as portas à passagem do carro fúnebre e as Caxinas pararam a chorar a morte de uma das figuras maiores da terra.
MORREU AOS 58 ANOS
José Festas morreu na terça-feira, aos 58 anos, na sequência de um AVC hemorrágico. Em 2006, após o naufrágio do “Luz do Sameiro”, deu voz à revolta dos pescadores e fundou a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, que presidiu até à morte. A pesca, admitem os homens do mar, não mais será a mesma: “O Festas é insubstituível”.
“Perdemos um líder, um homem do mar, que lutou pelos pescadores como ninguém. A pesca e os pescadores ficaram mais pobres. Foi a única associação que conseguiu juntar todas as artes de pesca”