O bombeiro que foi polícia e apanhou carteirista
Recuperou o dinheiro de uma mulher, de 83 anos, vítima de roubo por esticão
Só agora que a adrenalina desceu é que Luís Sequeira caiu em si e percebeu que correu sérios riscos quando decidiu perseguir um pretenso ladrão e o imobilizou até à chegada da PSP. “Ele podia estar armado, mas na altura não pensei nisso”, reconhece o bombeiro da Associação Humanitária da Guarda, enquanto lembra o dia que lhe valeria o estatuto comunitário de bombeiro-herói.
“Saí do quartel para comprar umas peças e estava no interior do carro, junto à central de camionagem da cidade, quando me batem no vidro e me pedem socorro”, descreve. “Pensei que seria algum fogo urbano ou talvez até um atropelamento, mas afinal tinha havido um assalto”, precisa Luís Sequeira, referindo-se a uma mulher, de 83 anos, a quem tinha sido levada a carteira por esticão.
Idade: 50 anos Naturalidade: Cascais Profissão: Bombeiro profissional
“Vi o indivíduo fugir e fui logo atrás dele. Primeiro de carro e depois a pé até o apanhar num pinhal, junto ao bairro da Luz”, refere ainda. Percorreu cerca de dois quilómetros em escassos minutos e só largou “a presa” quando a PSP deteve o fugitivo, de 32 anos.
IDOSA RECUPERA BENS
“Quando o imobilizei percebi que tinha a mala da senhora. E, apesar de desconhecer onde arranjou tempo, já guardava a carteira do dinheiro no bolso interior da camisa”, sublinha Luís Sequeira, surpreendido com a destreza do homem, que já estava referenciado pela Polícia por ser suspeito da autoria de outros furtos por esticão e por arrombamento, em residências e armazéns da cidade no último meio ano. Depois de ouvido pelo juiz, o arguido recolheu à cadeia de onde tinha saído há menos de um ano, pela prática de crimes idênticos. O homem que sempre quis ser bombeiro e que quase não se lembra de ter feito outra coisa assumiu, assim, espontânea e inesperadamente, o papel de polícia sem pensar nos ensinamentos do pai.
“Ele dizia que a segurança está primeiro porque facilmente passamos de socorristas a vítimas, mas fiz o que qualquer cidadão faria”, vinca o bombeiro que há 35 anos se diz em “sobressalto cívico”. Luís Sequeira é irmão do atual comandante dos Bombeiros Voluntários da Guarda, filho de um antigo comandante e pai de uma das bombeiras da casa.