MP arquiva caso do bebé sem rosto
Ministério Público considera que o obstetra que seguiu a gravidez da mãe não provocou as deformações de Rodrigo
O Ministério Público arquivou o inquérito-crime ao caso do bebé Rodrigo, por considerar que o obstetra que acompanhou a gravidez da mãe não provocou as deformações com que a criança nasceu. Rodrigo, que veio ao mundo em outubro de 2019 sem parte do rosto e do crânio, nasceu com deformações não detetadas pelo obstetra Artur de Carvalho, na clínica Eco Sado.
O Ministério Público recolheu depoimentos de médicos e enfermeiros, testemunhas no processo, para clarificar as cópias das ecografias.
As imagens chegaram impercetíveis ao processo e eram necessárias para que o MP instruísse parecer ao Instituto de Medicina Legal. Foi assim apurado se o clínico violara os deveres profissionais no acompanhamento da gestação.
O parecer chegou ao tribunal em janeiro deste ano e está na base da decisão do Ministério Público de Setúbal, que considerou que o médico não é responsável pelas deformações do bebé, apesar de não as ter visto durante o acompanhamento da mãe.
O bebé Rodrigo completa hoje um ano e sete meses. Continua a ser acompanhado na pediatria do Hospital de São Bernardo e otorrino, neurologia, neurocirurgia e genética do Hospital Dona Estefânia. Foi submetido no ano passado a uma cirurgia crucial, a colocação de um shunt que drena o líquido encefálico e permite o desenvolvimento do crânio. Em outubro passado, quando fez um ano, sofreu uma paragem cardiorrespiratória durante o sono, mas não passou de um susto. Artur de Carvalho foi expulso da Ordem dos Médicos, em abril de 2020, devido a este caso e por outros cinco em que não detetou malformações em bebés. Recorreu da decisão e reformou-se.