Jornal de Notícias

Queda de granizo arrasa vinhas e pomares

Empresário­s estimam perdas de até 70% na produção agrícola

- Vanessa Pereira* locais@jn.pt

Armamar foi um dos concelhos mais fustigados pelo mau tempo que anteontem deixou marcas em várias zonas do Douro interior. O granizo que caiu à tarde durante 40 minutos seguidos “destruiu cerca de 50% da produção agrícola do município”, revelou ontem ao JN o líder da Associação de Fruticulto­res de Armamar, José Osório. O presidente da Câmara, João Paulo Fonseca, numa primeira leitura, aponta para uma conta superior a três milhões de euros.

“Nunca vi nada assim”, diz Ana Teixeira, viticultor­a e florista em Armamar. Na agricultur­a, pelas contas que já fez, conta com mais de 70% da produção destruída. E quanto às flores, perdeu-as todas, diz com voz trémula.

Nuno Santos tem 15 hectares de vinha em Armamar. “Cerca de 80%” do que havia foi destruído pelo granizo. Mas, garante Nuno, “há produtores que perderam 100% da produção. “Para muitos, a vindima está feita da pior maneira e a apanha da maçã para outros também”, acrescenta o engenheiro, que garante que não via nada assim há mais de 30 anos.

O autarca de Armamar, João Paulo Fonseca, considera que a próxima colheita está comprometi­da e os “mais de três milhões” de prejuízo nas vinhas e pomares são “um número provisório que vai aumentar”. A Câmara Municipal “está no terreno com a associação de produtores e técnicos do Ministério da Agricultur­a a fazer um levantamen­to dos prejuízos”, adianta.

O edil pediu à diretora regional de Agricultur­a do Norte, Carla Pereira, uma linha de apoio reforçada para fazer face aos prejuízos em Armamar. “Essas linhas têm de possibilit­ar que os produtores paguem os créditos porque estamos a falar de um concelho que, só nos últimos cinco anos, foi atingido quatro vezes por graves intempérie­s “, lembrou.

PEDIDO DE AJUDA AO GOVERNO

Em Lamego, o presidente da Câmara disse ontem que “há culturas perdidas a 100%” devido ao granizo. “As freguesias de zona vinhateira e de pomar, como as de Cambres, Sande e a da cidade de Lamego, Várzea de Abrunhais, Britiande e Valdigem, no domingo, sofreram prejuízos de enorme gravidade”, afirmou Ângelo Moura, que só nos próximos dias terá o real valor do prejuízo.

Já o presidente da Câmara de Vila Real defendeu ontem que os ministério­s da Economia e da Agricultur­a devem apoiar com verbas a fundo perdido as atividades mais afetadas pelo granizo e chuva intensa que atingiram o concelho. “O mau tempo tem sido, de facto, terrível”, afirmou Rui Santos.

Desde 31 de maio que o concelho de Vila Real foi já atingido por três tempestade­s de granizo e de chuva intensa. A última situação verificou-se no domingo.

O autarca apontou os prejuízos causados na agricultur­a, nomeadamen­te nas vinhas de freguesias como Abaças e Guiães, nos pomares e na horticultu­ra, também nos ‘stands’ de automóveis que têm as viaturas expostas ao ar livre, na queda de muros, nas vias públicas e em casas de particular­es, que sofreram inundações.

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Granizo “magoou” os bagos de uvas, que vão apodrecer 1 2
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Hortas em Armamar completame­nte destruídas 3
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Tempestade­s têm sido acompanhad­as de forte trovoada 4
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Tamanho de uma pedra de granizo que caiu em Armamar

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