Um adversário exímio nos tiros de longa distância
Finalmente, chegou o dia e a seleção portuguesa entra em campo para defender o estatuto de campeã europeia, título conquistado há cinco anos, em França, no jogo mais memorável da história da equipa das quinas. Portugal terá de saber contornar o contratempo de perder João Cancelo, um jogador que atravessava um momento de forma brilhante e respirava confiança, tanto a atacar como a defender. Teoricamente, Nélson Semedo será agora o dono do lugar e terá de saber dar ao jogo tudo aquilo que o colega do Manchester City oferecia. Contra Israel, a nossa seleção evidenciou uma grande dinâmica e coesão tática, numa excelente interpretação do nosso maestro, o engenheiro Fernando Santos, daquilo que são as características dos nossos jogadores. Portugal jogou num 1x4x2x3x1 e demonstrou inteligência, dinâmica, coragem e domínio. Mas a equipa das quinas vai ter pela frente uma seleção húngara que equilibra inteligentemente a maturidade da idade com uma juventude competente e vigorosa. Com apenas uma derrota nos últimos 12 jogos, averbada frente à Rússia, e os russos tiveram de suar muito, por aqui se percebe as dificuldades que Portugal pode ter.
A Hungria atua num sistema de 1x3x5x2, mas vale sobretudo pela capacidade de rematar de qualquer zona no último terço, porque tem médios que conseguem, a 25/30 metros, fazer a bola chegar com muita força à baliza adversária. Os avançados têm robustez, força e capacidade de segurar a bola e servir assim de apoio aos médios e laterais que se envolvem no jogo com muita velocidade. São também muito perigosos nos esquemas táticos ofensivos (com certeza uma preocupação dos nossos treinadores). Tal como disse Marco Rossi, selecionador húngaro que eu já tive a oportunidade de conhecer quando estava no Videoton e ele no Honeved, a Hungria assumirá uma defesa baixa e irá à procura do ataque rápido e do contra-ataque. A chave para a nossa vitória será a coragem de os nossos jogadores assumirem a filosofia, a dinâmica, a intensidade e a inteligência do nosso jogo, e não menos importante: uma constante movimentação rápida na profundidade dos nossos avançados.
Por último, gostava de referir que este Europeu começou com alguns sustos que nos gelaram o coração, quando vimos aquelas imagens de Eriksen, jogador da Dinamarca, a cair no chão. Felizmente, tudo não passou de um valente susto e o craque do Inter está a recuperar bem. Esse momento de maior tensão contrastou com a emoção verificada em vários jogos. A Itália e a Bélgica, por exemplo, demonstraram um nível elevadíssimo em todos os momentos do jogo, o que aumenta muito as expectativas deste Europeu.