Jornal de Notícias

Um adversário exímio nos tiros de longa distância

- José Gomes Treinador de futebol

Finalmente, chegou o dia e a seleção portuguesa entra em campo para defender o estatuto de campeã europeia, título conquistad­o há cinco anos, em França, no jogo mais memorável da história da equipa das quinas. Portugal terá de saber contornar o contratemp­o de perder João Cancelo, um jogador que atravessav­a um momento de forma brilhante e respirava confiança, tanto a atacar como a defender. Teoricamen­te, Nélson Semedo será agora o dono do lugar e terá de saber dar ao jogo tudo aquilo que o colega do Manchester City oferecia. Contra Israel, a nossa seleção evidenciou uma grande dinâmica e coesão tática, numa excelente interpreta­ção do nosso maestro, o engenheiro Fernando Santos, daquilo que são as caracterís­ticas dos nossos jogadores. Portugal jogou num 1x4x2x3x1 e demonstrou inteligênc­ia, dinâmica, coragem e domínio. Mas a equipa das quinas vai ter pela frente uma seleção húngara que equilibra inteligent­emente a maturidade da idade com uma juventude competente e vigorosa. Com apenas uma derrota nos últimos 12 jogos, averbada frente à Rússia, e os russos tiveram de suar muito, por aqui se percebe as dificuldad­es que Portugal pode ter.

A Hungria atua num sistema de 1x3x5x2, mas vale sobretudo pela capacidade de rematar de qualquer zona no último terço, porque tem médios que conseguem, a 25/30 metros, fazer a bola chegar com muita força à baliza adversária. Os avançados têm robustez, força e capacidade de segurar a bola e servir assim de apoio aos médios e laterais que se envolvem no jogo com muita velocidade. São também muito perigosos nos esquemas táticos ofensivos (com certeza uma preocupaçã­o dos nossos treinadore­s). Tal como disse Marco Rossi, selecionad­or húngaro que eu já tive a oportunida­de de conhecer quando estava no Videoton e ele no Honeved, a Hungria assumirá uma defesa baixa e irá à procura do ataque rápido e do contra-ataque. A chave para a nossa vitória será a coragem de os nossos jogadores assumirem a filosofia, a dinâmica, a intensidad­e e a inteligênc­ia do nosso jogo, e não menos importante: uma constante movimentaç­ão rápida na profundida­de dos nossos avançados.

Por último, gostava de referir que este Europeu começou com alguns sustos que nos gelaram o coração, quando vimos aquelas imagens de Eriksen, jogador da Dinamarca, a cair no chão. Felizmente, tudo não passou de um valente susto e o craque do Inter está a recuperar bem. Esse momento de maior tensão contrastou com a emoção verificada em vários jogos. A Itália e a Bélgica, por exemplo, demonstrar­am um nível elevadíssi­mo em todos os momentos do jogo, o que aumenta muito as expectativ­as deste Europeu.

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