Jornal de Notícias

Costa rejeita ilações políticas em caso russo

Associação dos Ucranianos organizou protestos quando primeiro-ministro era autarca de Lisboa

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António Costa nega retirar responsabi­lidade política do envio à Rússia de dados de ativistas contra Vladimir Putin, que disse ser “algo que não passa do balcão” de uma câmara. E lamentou a ideia transmitid­a de que a autarquia presidida por Fernando Medina é “uma espécie de centro de espionagem do senhor Putin”.

As justificaç­ões, todavia, não travam os protestos: a Associação dos Ucranianos em Portugal já perguntou se também os seus dados foram partilhado­s com o Kremlin e está mesmo a ponderar apresentar uma queixa-crime.

A associação organizou uma centena de manifestaç­ões contra a Rússia, muitas das quais quando Putin anexou a península da Crimeia – coincidind­o com a presidênci­a de António Costa à câmara da capital. Recorde-se que a competênci­a sobre manifestaç­ões públicas passou dos governos civis para as câmaras em 2012 e que Costa só deixou o município em 2014.

Na altura, a competênci­a foi “mal transferid­a para as câmaras”, afirmou Costa, garantindo que este “nunca foi tema” nos anos em que liderou a autarquia.

“Nunca ninguém me pôs esse problema, não me lembro de ter sido suscitada essa questão, não sei se ocorreu, se não ocorreu, sou sincero”, afirmou o primeiro-ministro, em Bruxelas, onde participou numa cimeira da NATO, que debateu o comportame­nto agressivo da Rússia, no plano interno e internacio­nal.

CNPD DECIDIRÁ

Agora, António Costa aponta o foco para o facto de a câmara ter detetado e corrigido a atuação em abril e de estar, neste momento, a “averiguar em quantos casos houve esta situação”. Por isso, não encontra “responsabi­lidade política de algo que não passa do balcão” camarário. “Não é um assunto sobre o qual qualquer político, que eu saiba, tenha tido qualquer tipo de intervençã­o ou tenha tido sequer conhecimen­to”.

Fernando Medina já anunciou uma auditoria ao sucedido. António Costa entende que “qualquer violação da proteção de dados é grave” e remete o caso para a “entidade competente em Portugal, que é a Comissão Nacional de Proteção de Dados”,a CNPD, a quem compete “retirar as devidas consequênc­ias”, disse.

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