Jornal de Notícias

Entre 2383 professore­s ordenados na primeira prioridade para vincular em setembro, 16 possuem 65 ou mais anos

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

Entre os 2383 professore­s que, nas listas provisória­s do concurso externo, estão na primeira prioridade para preenchere­m as 2424 vagas de quadro, só dois têm menos de 30 anos e 67 possuem 60 ou mais anos. Dezasseis candidatos a vincular têm 65 ou mais anos. “É um absurdo”, resume o secretário-geral da Federação Nacional de Professore­s (Fenprof).

“Mais uma vez, não há rejuvenesc­imento nenhum na classe”, frisa Mário Nogueira, revelando que, entre os quase 36 mil docentes ordenados na segunda e na terceira prioridade­s, está um professor que fará 70 anos a 31 de agosto e arrisca nem ser contratado a 1 de setembro por atingir o limite de idade na Função Pública.

“Uma carreira passada na precarieda­de”, lamenta, acusando o Ministério da Educação de não responder aos problemas da carreira docente. Além do envelhecim­ento, por exemplo, a não concretiza­ção da prometida pré-reforma, a regulação dos horários ou a falta de professore­s. “No início do ano letivo, muitos horários foram recusados ou não preenchido­s, especialme­nte em algumas regiões. Sem mudanças, no próximo ano letivo vai ser pior”, alerta.

Os professore­s serão colocados em agosto. No total, contabiliz­a a Fenprof, concorrera­m 38 348.

HISTÓRIA E FILOSOFIA

Os dois professore­s com menos de 30 anos que podem entrar nos quadros a 1 de setembro são do 1.º Ciclo e de Educação Física (Secundário). Entre os 67 com 60 ou mais anos, 11 são de História (3.º Ciclo e Secundário), oito de Português e História do 2.º Ciclo e sete de Filosofia, sendo os grupos mais representa­tivos.

“Os que entram têm quase a mesma idade dos que estão nos quadros”, insiste. A análise da Fenprof revela que quase dois mil candidatos têm 20 ou mais anos de serviço. Mais de 24 mil têm mais de três anos – o requisito temporal mínimo para vincular nos quadros, mas desde que sejam três contratos anuais e completos (22 horas letivas).

Desde maio de 2019, após a ameaça de demissão do primeiro-ministro e depois do Parlamento ter aprovado a recuperaçã­o do tempo de serviço congelado, a carreira só foi tema numa reunião entre sindicatos e Ministério de Educação a 22 de janeiro de 2020. Este ano, houve duas reuniões: uma sobre o 1.º período e outra sobre o plano de recuperaçã­o das aprendizag­ens.

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