Entre 2383 professores ordenados na primeira prioridade para vincular em setembro, 16 possuem 65 ou mais anos
Entre os 2383 professores que, nas listas provisórias do concurso externo, estão na primeira prioridade para preencherem as 2424 vagas de quadro, só dois têm menos de 30 anos e 67 possuem 60 ou mais anos. Dezasseis candidatos a vincular têm 65 ou mais anos. “É um absurdo”, resume o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof).
“Mais uma vez, não há rejuvenescimento nenhum na classe”, frisa Mário Nogueira, revelando que, entre os quase 36 mil docentes ordenados na segunda e na terceira prioridades, está um professor que fará 70 anos a 31 de agosto e arrisca nem ser contratado a 1 de setembro por atingir o limite de idade na Função Pública.
“Uma carreira passada na precariedade”, lamenta, acusando o Ministério da Educação de não responder aos problemas da carreira docente. Além do envelhecimento, por exemplo, a não concretização da prometida pré-reforma, a regulação dos horários ou a falta de professores. “No início do ano letivo, muitos horários foram recusados ou não preenchidos, especialmente em algumas regiões. Sem mudanças, no próximo ano letivo vai ser pior”, alerta.
Os professores serão colocados em agosto. No total, contabiliza a Fenprof, concorreram 38 348.
HISTÓRIA E FILOSOFIA
Os dois professores com menos de 30 anos que podem entrar nos quadros a 1 de setembro são do 1.º Ciclo e de Educação Física (Secundário). Entre os 67 com 60 ou mais anos, 11 são de História (3.º Ciclo e Secundário), oito de Português e História do 2.º Ciclo e sete de Filosofia, sendo os grupos mais representativos.
“Os que entram têm quase a mesma idade dos que estão nos quadros”, insiste. A análise da Fenprof revela que quase dois mil candidatos têm 20 ou mais anos de serviço. Mais de 24 mil têm mais de três anos – o requisito temporal mínimo para vincular nos quadros, mas desde que sejam três contratos anuais e completos (22 horas letivas).
Desde maio de 2019, após a ameaça de demissão do primeiro-ministro e depois do Parlamento ter aprovado a recuperação do tempo de serviço congelado, a carreira só foi tema numa reunião entre sindicatos e Ministério de Educação a 22 de janeiro de 2020. Este ano, houve duas reuniões: uma sobre o 1.º período e outra sobre o plano de recuperação das aprendizagens.