Jornal de Notícias

Penas até cinco anos para políticos que omitam bens

PSD e Iniciativa Liberal querem agravar sanções aos titulares de cargos políticos que escondam rendimento­s

- Hermana Cruz João Vasconcelo­s de Sousa nacional@jn.pt

eO PSD e a Iniciativa Liberal (IL) querem punir com penas de prisão de um a cinco anos os titulares de cargos políticos que apresentem declaraçõe­s incompleta­s ou omitam rendimento­s e bens. A proposta do PSD esteve em debate das jornadas parlamenta­res laranja, onde um ex-presidente do Tribunal Constituci­onal (TC) acusou a procurador­a-geral da República (PGR) de atuar “à revelia da Constituiç­ão” e um antigo juiz do mesmo tribunal culpou o Governo por “falta de comparênci­a” na reforma da Justiça.

Os três diplomas dos sociais-democratas sobre enriquecim­ento ilícito e combate à corrupção e as propostas da IL, centradas nas obrigações declarativ­as dos políticos, vão ser discutidos, amanhã, em plenário, com as propostas do Governo.

Em comum, o aumento do limite mínimo e máximo das penas de prisão para um a cinco anos, segundo o PSD, para quem, “com intenção de os ocultar, omitir da declaração apresentad­a elementos patrimonia­is ou rendimento­s que estava obrigado a declarar e desde que de valor superior a 50 salários mínimos nacionais”.

“Propõe-se agora uma pena superior para a apresentaç­ão da declaração incorreta, já que se reconhece um maior desvalor à ocultação que ocorre por ação do que o imanente à que ocorre por omissão”, justifica a IL, no seu diploma.

O PSD e a IL querem igualmente clarificar situações como as que envolveram o primeiro-ministro em relação à declaração da sua conta bancária. Para os sociais-democratas, os políticos devem justificar o aumento de rendimento­s, sempre que forem superior a 50 salários mínimos em vigor à data da declaração (hoje, cerca de 33 mil euros). A omissão deve ser comunicada ao Ministério Público.

Os liberais propõem que se simplifiqu­e a apresentaç­ão da declaração de rendimento­s, passando a ser anual “durante o exercício de funções e até ao fim dos três anos seguintes ao termo”. “Evitam-se situações dúbias” como o “facto de o dever de comunicaçã­o depender de se apurar o montante exato das variações patrimonia­is que ocorram num dado momento para depois o confrontar com o limiar de 50 salários mínimos”, explicam, no projeto.

EX-JUÍZES ATACAM GOVERNO

As jornadas do PSD foram aproveitad­as para atacar o Governo e as suas escolhas. Costa Andrade, ex-presidente do PC, apontou o dedo a Lucília Gago, a quem acusou de querer intervir no processo criminal de uma forma “própria de um processo inquisitór­io” e “à revelia da Constituiç­ão”.

Já Paulo Mota Pinto, ex-juiz do TC, defendeu que “a justiça deve ser prioridade” e lamentou a “falta de comparênci­a” do Governo no debate.

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Costa Andrade e Mota Pinto contra opções do Governo

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