NATO define China e Rússia como ameaças aos aliados
Cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte termina com Pequim e Moscovo no centro das preocupações
A China, a Rússia, as novas ameaças, o Afeganistão e a cooperação com a União Europeia vão ser as prioridades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) no futuro próximo, cenário adotado após a cimeira que terminou ontem, em Bruxelas, na Bélgica, que reuniu os chefes de Estado e de Governo dos 30 países membros da organização e que ficou assinalada por diversos encontros bilaterais (ler caixa). No comunicado final, os líderes da aliança centraram o fundamental das suas preocupações geopolíticas na China e na Rússia, que têm intensificado a cooperação entre si e são consideradas uma ameaça aos interesses dos aliados, em particular, a “aproximação” às suas fronteiras.
Os responsáveis exortam a China a “cumprir os seus compromissos e atuar de forma responsável no sistema internacional, incluindo nos domínios espacial, cibernético e marítimo, de acordo com o seu papel como grande potência”.
No texto, os líderes da Aliança reconhecem a “crescente influência e a política internacional da China”, que “pode representar desafios” que a NATO deve abordar em conjunto para a defesa da sua “segurança e interesses”.
Nestas conclusões, a China surge como um permanente desafio à segurança e é acusada de tentar alterar a “ordem mundial”, o que se manifesta também através de um rápido desenvolvimento de mísseis nucleares.
A China “é opaca na implementação da sua modernização militar e na sua estratégia de fusão civil-militar declarada publicamente” e “coopera militarmente com a Rússia, incluindo através da participação em exercícios russos na área euro-atlântica”. “Continuamos preocupados com a habitual falta de transparência e do uso da desinformação por parte da China”, frisam.
No entanto, a NATO também acolhe de forma positiva “as oportunidades para interatuar” com a China em “áreas de relevo para a Aliança e desafios comuns, como as alterações climáticas”.
“Os aliados exortam a China a comprometer-se de forma significativa com o diálogo, a construção da confiança mútua e medidas de transparência em torno das suas capacidades e doutrina militar.”
“INTIMIDAÇÃO ESTRATÉGICA”
Em relação à Rússia, conclui-se que o “crescente reforço” da sua capacidade militar – além “da sua postura mais afirmativa, das suas inovadoras capacidades militares e das suas atividades provocadoras, designadamente, na proximidade das fronteiras da NATO – constitui uma crescente ameaça para a segurança da zona euro-atlântica e contribui para a instabilidade ao longo das fronteiras da NATO e para além”.
A “estratégia nuclear” da Rússia e a “modernização, diversificação e expansão dos seus sistemas de armas nucleares contribuem para uma postura de intimidação estratégica, que se torna mais agressiva”, assinala o texto.
A “intensificação das atividades híbridas”, as “tentativas de ingerência em eleições”, as “campanhas de desinformação em grande escala” e os “atos de ciberataques, que visam e perturbam o funcionamento das infraestruturas cruciais dos países da NATO”.