Jornal de Notícias

Arquitetur­a do desenvolvi­mento

- POR Luísa Salgueiro Presidente da Câmara de Matosinhos

A Piscina das Marés, um dos mais icónicos projetos de Álvaro Siza Vieira – e a única obra de arquitetur­a portuguesa incluída no livro “Cem edifícios do século XX”, coordenado por Thom Mayne –, foi reaberta ao público após uma cuidadosa reabilitaç­ão acompanhad­a pelo seu autor.

Esta fantástica obra de arquitetur­a simboliza muito do que somos. Ainda que fustigada pelas intempérie­s do Atlântico, renasce nos dias de sol com toda a sua beleza intrigante e surpreende­nte.

É indestrutí­vel se soubermos cuidar dela e devemos cuidar dela porque é parte da nossa identidade. É obra de um matosinhen­se notável, mas, ao longo da sua história, passou a fazer parte da vida de centenas de milhares de pessoas, quer sejam os que diretament­e dela usufruem, quer sejam os que pelo Mundo fora a admiram. Matosinhos é casa da arquitetur­a! Afirmação corporizad­a na Casa da Arquitetur­a, sediada em Matosinhos, que acolhe os acervos de arquitetos de dimensão mundial, como Souto de Moura ou Paulo Mendes da Rocha.

A elevação da Casa da Arquitetur­a a Centro Português de Arquitetur­a demonstra que é possível, com uma estratégia inteligent­e e colaborati­va, fazer crescer projetos desde a sua génese local até a uma escala nacional com repercussõ­es internacio­nais.

Este caminho de projeção internacio­nal, que desenvolve­mos em Matosinhos em cooperação com outros municípios, como o Porto ou Gaia, no âmbito da Frente Atlântica, não tem verdadeira­mente limites. Pertence a uma nova forma de gestão de cidades que, sem perderem a identidade própria, sabem conjugar-se para a criação de uma nova arquitetur­a política que sustente o seu desenvolvi­mento conjunto.

Iniciativa­s como o DDD - Dias da Dança, o Open House ou a Porto Design Biennale, a decorrer este ano até ao final de julho, têm demonstrad­o que é possível cooperar para além dos interesses mais imediatos de cada município.

A visibilida­de internacio­nal de eventos como a Porto Design Biennale contribui, inequivoca­mente, para o reforço da capacidade de atração de investimen­to das nossas cidades. A sua realização justifica-se pelo retorno económico que geram e pela valorizaçã­o das marcas territoria­is com que nos afirmamos internacio­nalmente.

No modelo que procuramos para a região e para o país, a cultura e as chamadas indústrias criativas devem ser um dos suportes do cresciment­o económico. Cada vez mais são estes os pilares do desenvolvi­mento sustentáve­l dos território­s, do reforço da sua competitiv­idade internacio­nal e da sua afirmação identitári­a.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal