Norte empenhado na economia circular
O Norte, com 3,5 milhões de habitantes, é a mais populosa das cinco regiões de Portugal. Produz 1,6 milhões de toneladas de resíduos urbanos, geridos por oito sistemas de gestão (SGRU) de controlo municipal.
O tratamento dos resíduos urbanos da Região não difere da média nacional: em 2018, 260 mil toneladas foram valorizadas materialmente, 400 mil valorizadas energeticamente e cerca de 940 mil toneladas enviadas para aterro (mais de 58% dos resíduos urbanos produzidos, em linha com a média nacional).
O Norte recicla pouco e envia a maioria dos resíduos para aterro. O Persu2020+, em 2018, mostrou que os 13 aterros existentes possuíam uma capacidade de 5,9 milhões de toneladas, que se esgotará a partir de 2024.
O aterro deixará de ser destino dos resíduos não valorizados, por razões ambientais e por esgotamento. Importa encontrar alternativa de valorização dos resíduos não recicláveis. Este problema não tem tido a necessária atenção dos decisores nacionais.
A Região está empenhada na procura de soluções para uma gestão mais circular. Abundam projetos inovadores de pay-as-you-throw, recolha seletiva de biorresíduos, luta contra o desperdício alimentar, valorização do biogás produzido com resíduos, programas de informação, sensibilização e educação ambiental.
Subsiste uma necessidade de aumentar a capacidade de valorização energética de resíduos de modo racional, servindo toda a Região. Um estudo da Lipor desenvolveu três cenários até 2035.
O mais exigente configura uma evolução otimista, incluindo a redução da produção de resíduos e um aumento de 300% da recolha seletiva, cumprindo as metas europeias. Um défice de 200 mil toneladas de destino dos resíduos não reciclados na Região será maior se a evolução não for tão positiva, como indicado nesse cenário.
É incompreensível a oposição dos decisores nacionais ao desenvolvimento da capacidade de valorização energética de resíduos na Região. O Norte não quer ficar refém da exportação de resíduos como única solução para a fração residual dos resíduos urbanos.
A Região Norte aceita a partilha de responsabilidade no cumprimento das metas europeias, mas não abdica de ter uma voz ativa na política de gestão de resíduos urbanos.
Os aterros deixarão de ser destino dos resíduos não valorizados, por razões ambientais e por esgotamento